
As negociações costumam acontecer no silêncio dos gabinetes, mas, no caso do orçamento do Estado, tudo se tem passado frente às câmaras da televisão. Isso tem muitas desvantagens, nomeadamente tornar bem mais difícil qualquer acordo, mas tem também algumas vantagens.
Ficamos a conhecer os meandros destes processos negociais, desenvolvemos uma noção mais apurada das personalidades dos políticos envolvidos, e finalmente conseguimos avaliar em permanência a reação dos cidadãos-espectadores ao que se vai passando, porque as audiências registam, através da medição do consumo televisivo, o comportamento de espectadores de televisão que também são eleitores, numa percentagem esmagadora.
Eis as conclusões essenciais: nem Luís Montenegro nem Pedro Nuno estão verdadeiramente interessados num entendimento, porque multiplicam às condições colocadas mutuamente. Se houver orçamento, será por uma espécie de mínimo denominador comum.
Acima de tudo: esta dança de avanços e recuos está a afastar ainda mais os eleitores da política. O efeito de rejeição do tema provoca enormes debandadas de espectadores. Sempre que um canal dá noticias sobre a negociação, o público rejeita, e foge.
Os políticos, sempre tão preocupados com as sondagens, deviam utilizar melhor a leitura de audiências para descodificar a reação popular aos assuntos que são lançados no espaço público.
Informação
Nevoeiro
O jogo do Benfica na Madeira foi interrompido logo no início por causa do nevoeiro. Informações posteriores dizem que foi já a décima sétima vez, só este século, que um jogo de futebol não acaba por causa do nevoeiro naquele sítio. O espetáculo não se compadece: aquele estádio não pode ser homologado para competições profissionais.
Programação
Ainda os Globos
A audiência dos Globos, apesar de inferior a anos anteriores, voltou a ser muito boa, dominando completamente a noite de domingo. A erosão da televisão generalista, hoje em dia mais acentuada que a dos jornais em papel, faz deste tipo de eventos âncoras da estratégia de um canal. Se a SIC consegue fazer uns Globos desta dimensão, não se percebe porque está tão frágil na competição com a TVI. Faltará arrumar a casa?
Audiências:
A Subir
Pedro Duarte
O Governo já tem um plano de ação para ajudar os media. Isso é bom. Agora, é preciso que funcione.
A Subir
Marcelo Rebelo de Sousa
O chefe do Estado tem o dom de marcar a atualidade, mas no 5 de outubro fê-lo de forma mais profunda. A democracia tem de mudar e muito. Brilhante síntese do presente.
Neutro
Gouveia e Melo
Se a constância das aparições televisivas for um indicador, o almirante quer mesmo ser PR. De há tempos para cá tem multiplicado as intervenções televisivas.