
Pedro Guerra está transformado no maior saco de boxe da história do audiovisual português. O comentador benfiquista sujeita-se a um massacre semanal no Prolongamento, da TVI 24, perpetrado por Manuel Serrão e José de Pina, e arrasta consigo a instituição que representa.
A razão é simples: Pedro Guerra é um dos principais visados no caso dos e-mails, uma denúncia de corrupção que está a ser investigada pela justiça. Ora, quando algo ou alguém está sob suspeita, o mais sensato é retirar-se do centro das atenções, até que tudo seja esclarecido, ou, pelo menos (no caso de quem tem culpas no cartório), até que tudo seja esquecido.
Pedro Guerra faz o contrário. Insiste no palco. Oferece o peito às balas. Os adversários não se fazem rogados, e deliciam-se, num festim sangrento, a levar às cordas o homem do Benfica. Sempre com o pretexo de ouvirem as suas explicações, as quais, naturalmente, Guerra nem consegue explanar, porque passa duas horas a ser provocado, desmentido e vexado.
Como a justiça levará o seu tempo próprio (e é bom que assim seja), os opositores do benfiquista encontraram aqui uma forma de eternizar mediaticamente o escândalo, através da "caça ao Guerra", modalidade desportiva proporcionada todas as semanas pelo clube de Vieira ao público em geral, em jeito de suicídio televisivamente assistido. Como acontece a todos os confrontos desportivos muito desequilibrados, o interesse das audiências está a diminuir, porque tanto sangue incomoda. Isso está a acontecer ao Prolonga- mento. Será a próxima vítima deste massacre em directo. * O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.
* O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.