
Biggest Deal rompe o elo fundamental de confiança entre os espectadores e os reality shows. O novo programa de Teresa Guilherme afasta-se demasiado da ilusão de realidade na qual se baseia o sucesso do género. Tudo começou com o Big Brother, apresentado, à época, como o espectáculo da vida real.
A ideia básica era colocar uma série de pessoas anónimas a viverem a sua vida do dia-a-dia, recriada num espaço fechado, e transformar tudo isso num programa de televisão. O segredo era simples: quanto mais próximo da vida do dia-a-dia, melhor. Só que, como todos nós sabemos, a vida quotidiana é feita de ócio e aborrecimento. Foi preciso introduzir provas e situações inesperadas, que gerassem tensão e atrito entre os concorrentes, para manter a atenção dos espectadores. Nesse momento deu-se o primeiro passo para afastar os reality da realidade, num equilíbrio instável. Até que chegou Biggest Deal.
A irrealidade de juntar uma série de "famosos", como se costuma dizer, no mesmo espaço, para tratarem dos seus negócios, é tão acentuada que não cria o mínimo laço emocional com os espectadores. Ou seja: os reality shows deram um passo rumo ao abismo da irrealidade absoluta, e isso será a sua morte.
Na primeira semana, a desculpa foi as eleições e o futebol. Na segunda, foi a Selecção e o resto. Mas os resultados são demasiado maus, num produto que costumava arrastar tudo atrás de si, sem precisar de desculpas. Pior: Teresa Guilherme mostra que não está confortável. E quando um apresentador não adere, é impossível chegar ao sucesso em televisão. Big problem!