
Caiu a máscara à RTP. A televisão do Estado queixa-se de falta de verbas para investir na empresa, e, consequentemente, na grelha. Ora, no fim de semana passado aconteceu a final do Europeu de futebol feminino, que só por si já é um grande evento, visto tratar-se de uma final, mas que desta vez trazia o interesse adicional de o futebol praticado pelas mulheres estar na moda e ser palco de polémicas intensas nas últimas semanas em Portugal.
Ou seja, o futebol feminino, além de ser um grande espetáculo, está a gerar interesse, fruto da polémica. E o que fez a RTP com um produto tão valioso na mão, RTP que, recordemos o início do texto, se queixa de falta dinheiro para investir? A lógica indicaria que alinhava a final, Inglaterra-Alemanha, no canal 1, para ser competitiva no final da tarde de domingo (o jogo arrancou às 17 horas e teve prolongamento), e assim ter um grande resultado na média diária, visto que para essa noite estava agendada a final do The Voice Kids.
Isso seria a solução lógica. Mas a RTP fez precisamente o contrário, relegando o jogo para a RTP2, e assim abdicando de audiências, de visibilidade, e colocando-se, ainda para mais, do lado errado da história, o lado que relega o futebol feminino para um nicho de onde, na verdade, já saiu há muito. Os raríssimos espectadores da RTP2 foram brindados com um grande jogo de futebol, que teve arte, emoção, suspense e drama até ao fim (ganho pela Inglaterra, já agora). O canal 2 teve o melhor dia de todo o mês de julho, e ficou à frente da RTP1 em largos períodos entre as 6 e meia e as 7 e meia da tarde. Um acontecimento raro, que se justifica pela inacreditável e míope gestão de grelhas da RTP.
INFORMAÇÃO - ROGEIRO E MILHAZES
Está de parabéns quem se lembrou de juntar duas personalidades tão heterogéneas no comentário da guerra, diariamente, no Jornal da Noite. Os estilos tão diferentes casaram na perfeição e conseguiram manter a SIC na liderança do tratamento da invasão russa. A cultura popular ajudou bastante, ao difundir de forma viral as palavras mais brejeiras de Milhazes, mas na verdade fazem serviço público ao cruzarem a pequena história do quotidiano do conflito, através de Milhazes, com os cenários geoestratégicos que Rogeiro trabalha como ninguém.
PROGRAMAÇÃO - PIOR TVI DESDE ABRIL DE 2020
O mês de julho foi, de longe, o pior do ano para a TVI. Apesar de todo o investimento no futebol, o canal de Queluz de Baixo desceu 7 décimas, para o patamar dos 14,2%. Um resultado destes não acontecia desde abril de 2020, mês em que a TVI obteve 13,8% de share médio mensal. A SIC também desceu em julho, mas ligeiramente, e deu sempre a sensação de que estava a poupar energias porque a concorrência tinha desistido. A RTP1 conseguiu, de novo, evitar fechar um mês com um share médio mensal de um só dígito, mas o risco, aqui antecipado, de baixar da casa dos 10 pontos mantém-se. Para já, fica com 10,1%, igualando o pior registo do ano, de abril.
SOBE - HORTA OSÓRIO
A chegada de um banqueiro com currículo internacional ao universo dos media é uma boa notícia, que suscita curiosidade sobre o que trará de novo a este mercado, tão diferente do setor financeiro e que joga com o essencial valor da democracia. A ação do novo administrador da Impresa será acompanhada com atenção.
SOBE - FERNANDO GOMES
O Canal 11 obteve em julho o melhor resultado de sempre; a final da Supertaça conseguiu atingir o top dos programas mais vistos da semana, na TVI; e o Europeu feminino foi um sucesso, no 11 e na sensacional RTP2, que deu a final. O responsável máximo pelo futebol em Portugal está de parabéns.
DESCE - MÁRIO FERREIRA
Sujeitou-se a uma conversa com Goucha sobre o Espaço, no interior de um barco, e com uma realização absolutamente amadora, que conseguiu colocá-lo na sombra da ponte D. Luís no momento de maior intensidade emocional. O resultado só podia ser o desastre que foi, perdendo para repetições na SIC.