
O mês de abril concretizou a mudança anunciada. A SIC conseguiu dar a volta, em condições muito dramáticas para a empresa, e é, de novo, líder de audiências. Também a TVI enfrentou o desafio exatamente da forma que se previa: lançando dinheiro sobre o problema, sem o resolver, porque os orçamentos estão seguramente mais folgados em Queluz de Baixo que na concorrência.
Cinco estreias – cinco – lançadas por José Eduardo Moniz em abril mais não fizeram que perturbar ainda mais a grelha. Os passos da derrota da TVI foram todos dados de forma inexorável, e aqui caracterizados, semana após semana, cada um deles contribuindo um pouco mais para o desastre.
Primeiro, caiu a ficção: o único produto competitivo da TVI, “Festa é Festa”, foi descontinuado. Depois, os frágeis sintomas positivos da informação definharam todos – na semana passada, o noticiário das 20 horas de Queluz de Baixo ficou sempre atrás da concorrência. O reality show falhou, e isso foi um dado decisivo, a juntar à quebra do day time, em particular à tarde, que não resistiu às opções da SIC.
O erro final foi o excesso de alterações – é impossível, com o público que temos, lançar tantas estreias de uma só vez e esperar que isso funcione. Seja como for, era tarde demais. A TVI perderia, em qualquer caso. As mexidas na grelha limitaram-se unicamente a acentuar o fosso para a SIC.
Audiências
Neutro
José Eduardo Moniz
É o rosto da derrota, mas já foi o da vitória. Perante o ritmo da concorrência, recuperar a liderança parece, novamente, tarefa impossível. Será?
Neutro
Manuel Luís Goucha
O entretenimento diário da estação foi dos primeiros a sofrer a instabilidade das decisões de grelha. Enquanto não houver um plano, a erosão da TVI vai continuar.
A Descer
José Alberto Carvalho
Na semana passada, o principal jornal da TVI perdeu todos os dias para os concorrentes das 20 horas e também para os da hora de almoço. Os resultados da informação aceleraram muito a queda da estação.
Programação
Novelas turcas
Merecia um estudo atento o sucesso das novelas turcas entre nós. A SIC fez tudo bem: experimentou-as no cabo, tomou nota dos resultados crescentes, lançou-as na antena generalista com alguma proteção, e finalmente transformou-as em arma letal contra a concorrência em horários mais relevantes. Marca o fim da hegemonia das narrativas brasileiras entre nós, ou é sol de pouca dura? Veremos, quer pela evolução do produto na SIC, quer, sobretudo, quando a TVI perceber que também tem de comprar produto em Istambul…
Informação
RTP cumpriu
Entre os canais generalistas, a RTP foi quem assegurou o melhor trabalho no funeral do Papa Francisco. A aposta em Fátima Campos Ferreira e Vítor Gonçalves marcou a diferença. Em estúdio, fez a diferença a sobriedade das narrações, que respeitou os silêncios e a introspeção.