
Ao fim de duas décadas de actividade, as principais fábricas de ficção estão no limiar de uma crise profunda. Quer na SIC, quer na TVI, os modelos das novelas estão esgotados, e exibem os vícios próprios da rotina que corrói a energia criativa de qualquer profissão. Os sintomas são claros: os guiões não têm chama. Há quanto tempo o País não se apaixona por uma personagem, como aconteceu em tempos com o Anjo Selvagem?
E os cenários? Parecem repetir-se de novela para novela. Os espaços interiores são iluminados de forma baça, não respiram para a realidade – cada um de nós sente-o de imediato quando olha para o ecrã. Poderíamos pensar que a quebra da criatividade e o consequente empobrecimento dos conteúdos levaria a uma euforia da forma, a ritmos cada vez mais intensos de filmagem e de montagem. Mas não! A duração dos planos, dos episódios e das narrativas cria uma fábrica de bocejos em cada sala de estar.
Os actores, por outro lado, mostram-se ansiosos em cena. Desesperam por desafios de qualidade. É daqui que brota, também, o festim insano das redes sociais, onde o principal passatempo é a promoção da mediocridade. No fundo, a redução dos orçamentos anda a par com a falta de inteligência e de criatividade. A sociedade divorcia-se das novelas portuguesas, divórcio que será tanto mais profundo quanto mais tempo a indústria demorar a perceber que há um problema. Quem analisar as médias das novelas portuguesas no horário nobre percebe de imediato a gravidade do problema. Culpar a medição de audiências é apenas uma pobre desculpa de mau perdedor.
House of Cards de voltaA televisão de qualidade é para ver e desfrutar. Estreou entre nós, no sábado à noite, na TV Series, a nova temporada da saga dos Underwood. Na era do #metoo, Kevin Spacey foi afastado, com uma morte providencial que deixa o palco todo à presidente Claire. Sem Spacey não é a mesma coisa, mas continua imperdível.
10 meses, 10 jogosO futebol é o grande rei das audiências. Os 10 programas mais vistos do ano, até ao momento, são 10 jogos de futebol. Selecção, Champions, taças e supertaças, tudo serve para juntar multidões de espectadores, sedentos de jogos de bola num País em que assistir a todas as competições implica gastar dezenas de euros mensais, com Sport TV, BTV, Eleven e o mais que houver.
Judite Sousa, o Brasil e "Lisboa"O jornalista é sempre o chefe da equipa de reportagem televisiva no terreno. Está certa, e é natural, portanto, a posição de Judite de Sousa na troca de ideias mais acesa com o repórter de imagem, no Brasil, ainda por cima porque Judite não é uma jornalista qualquer. Triste e lamentável é a forma como a TVI ("Lisboa", como refere Judite na gravação) expõe publicamente a equipa e a redacção, tratando em público, e expondo, as suspeitas sobre a fuga das imagens para o exterior.
Desfile militar nas TVO maior desfile militar da democracia foi uma boa celebração do centenário do armistício da Primeira Guerra Mundial, com competentes coberturas televisivas. O povo veio à rua e mostrou forte ligação às Forças Armadas. No final do dia, o principal chefe militar do País, o almirante Silva Ribeiro, fez na CMTV a síntese perfeita. "Os portugueses admiram as suas Forças Armadas", disse o CEMGFA. Parabéns pela iniciativa.