Ninguém gosta de ser enganado. Podemos admitir ser envolvidos num jogo de espelhos, desde que ele nos divirta e respeite a nossa inteligência. Mas a sensação de sermos ludibriados afasta-nos. Repele-nos. Ao longo dos anos, as televisões sempre procuraram reforçar o seu impacto contratando comentadores televisivos de relevo. A partir do momento em que um comentador é falado para algum cargo importante, há a expetativa, por parte do canal, de que a audiência desse protagonista cresça. Porém, esse jogo deve ser feito mais de insinuação do que de afirmação. Eu sou do tempo em que as televisões tudo faziam para esconder esse jogo. "Fulano de tal é candidato a qualquer coisa?" Os responsáveis do canal respondiam que não sabem, e que a presença do comentador é independente disso. Estava ali pelo valor das suas opiniões, e não pelo que será no futuro. Ora, é exatamente isso que está a falhar no caso do novo comentador da SIC Notícias. Trocado por miúdos: se Pedro Nuno Santos vai todas as semanas à SIC Notícias responder à mesma pergunta, mesmo feita de formas muito diversas, sobre se é ou não candidato à liderança do PS, o espectador não vai engolir isso durante muito tempo. Ao fim de dois programas, já se pode fazer um balanço: no interesse do canal e do protagonista, é urgente fugir à armadilha de estar sempre a falar do eventual futuro político de PNS. Caso contrário, o espectador vai sentir-se enganado: estão a vender-lhe um candidato a líder do PS como se fosse um comentador. E o espectador português já tem cultura televisiva suficiente para não comer gato por lebre. Fica, por isso, o conselho: não voltem a revelar que PNS só está ali porque quer suceder a Costa. Mesmo que seja verdade, é preciso criar urgentemente outra narrativa, ou então aquele espaço acabará muito em breve por falta de espectadores.
Eu sou do tempo em que as televisões tudo faziam para esconder esse jogo. "Fulano de tal é candidato a qualquer coisa?" Os responsáveis do canal respondiam que não sabem, e que a presença do comentador é independente disso. Estava ali pelo valor das suas opiniões, e não pelo que será no futuro. Ora, é exatamente isso que está a falhar no caso do novo comentador da SIC Notícias. Trocado por miúdos: se Pedro Nuno Santos vai todas as semanas à SIC Notícias responder à mesma pergunta, mesmo feita de formas muito diversas, sobre se é ou não candidato à liderança do PS, o espectador não vai engolir isso durante muito tempo. Ao fim de dois programas, já se pode fazer um balanço: no interesse do canal e do protagonista, é urgente fugir à armadilha de estar sempre a falar do eventual futuro político de PNS.
Caso contrário, o espectador vai sentir-se enganado: estão a vender-lhe um candidato a líder do PS como se fosse um comentador. E o espectador português já tem cultura televisiva suficiente para não comer gato por lebre. Fica, por isso, o conselho: não voltem a revelar que PNS só está ali porque quer suceder a Costa. Mesmo que seja verdade, é preciso criar urgentemente outra narrativa, ou então aquele espaço acabará muito em breve por falta de espectadores.
PROGRAMAÇÃO - FUTEBOL FEMININO
A TVI voltou a apostar num jogo da liga feminina. Famalicão-Benfica, domingo de manhã. A partida foi desequilibrada, porque a equipa lisboeta é muito superior, logo desinteressante. As bancadas do estádio estavam despidas. Nem som ambiente se ouvia. Cuidado com o risco de transformar a TVI generalista numa espécie de canal de cabo, a transmitir desportos de nicho. E o pior foi que, com o atraso, o jornal da hora de almoço entrou mais tarde, estragando o domingo ao canal.
INFORMAÇÃO - REPORTAGEM DE GUERRA
Os custos das redações podem disparar com as guerras, e efetivamente disparam. Mas a forma profissional como as televisões portuguesas respondem a situações de conflito mundial contribui em muito para a imagem positiva que os portugueses têm sobre o jornalismo. Neste aspeto, desta vez o elogio vai para os enviados especiais de todos os canais, generalistas e por cabo, que têm feito ótimos trabalhos de reportagem em Israel.
SOBE - DANIEL OLIVEIRA
Parecia impossível, mas tudo indica que voltará a derrotar a TVI. Para a concorrência, a aposta no mês de outubro era tão forte que a vitória da SIC será um rude golpe psicológico.
MANTÉM - NICOLAU SANTOS
O Governo corrigiu os mapas do orçamento do Estado. Algumas verbas atribuídas à RTP estavam erradas. A dotação para 2024 é de 263 milhões, e não de 272 milhões, como ainda constava no texto principal desta 'Grelha' na semana passada, fechado antes da atualização. A pergunta central em nada foi alterada: como encontrar um futuro financiamento para o serviço público de televisão?
DESCE - JOSÉ EDUARDO MONIZ
Benfica na Champions, casamento real, nova novela, as apostas centradas em outubro eram várias. A vitória no mês deve escapar, de novo. Se não foi agora, quando conseguirá Moniz derrotar Daniel Oliveira?
