
Continuar.
Simplesmente continuar.
Custa continuar. Continuar está subvalorizado: como se fosse uma obrigação, uma continuidade simples. Mas continuar é a maior prova de heroísmo.
Continuar.
Simplesmente continuar.
Continuar vivo, continuar com vontade de desejar, de correr, de saltar. Continuar com vontade de amar, acima de tudo o resto.
Quando se perde a vontade de amar nada continua na mesma por mais que tudo pareça continuar igual.
Quem não tem vontade de amar desistiu de viver.
Continuar.
Simplesmente continuar.
A vida acaba quando pensamos que continuar é uma obrigação, um dever: algo que tem de ser feito, custe o que custar, doa como doer. Mas continuar não é uma obrigação — é uma paixão; continuar não é um dever — é um querer. Querer com tudo, acima de tudo, apesar de tudo, antes e depois e durante tudo.
Continuar.
Simplesmente continuar.
Que nunca abdiques de continuar, que nunca abdiques de sentir. Mesmo que pareça banal, mesmo que pareça pueril, mesmo que seja o que tem de ser: faz com que seja o que tens de sentir, o que precisas de sentir.
Continuar.
Simplesmente continuar.
Continuar com sentimento dentro, com coração dentro, com emoção dentro, com todo tu dentro. Manda bugiar quem te pede contenção na continuidade — como se a continuidade fosse um meio e não o fim. Mas é: a continuidade é o fim. Continuar é o fim, por mais que seja o começo e o meio. Continuar é tudo. Continuares é tudo. Continuares inteiro, a sentir inteiro, não é caminho — é destino. O teu.
Todos os dias.
Continuar.
A toda a hora.
Continuar.
Simplesmente continuar.
Vai.
Continua.
Já.
Riso: s.m. Passo número um do manual de Primeiros Socorros. Só quem ri sobrevive.