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Pedro Chagas Freitas
Pedro Chagas Freitas COMO F***DER UM CASAMENTO Manual Prático para Mul

Notícia

Egoísmo

Egoísmo: s.m. O mesmo que burrice. O inferno somos nós quando nos esquecemos dos outros
26 de dezembro de 2016 às 00:00

Encontrou o amor.Mas ia acompanhado. 

Somos vítimas do acaso, de uma qualquer viagem por caminhos errados que nos levam a destinos errados, ou então somos apenas incompetentes, quando algo assim acontece. Certo é que naquele momento tudo o que interessava

era a certeza de que era aquela, só aquela, a mulher que queria ter na sua vida para sempre e era mesmo aquela que já estava para sempre na vida de outro homem. 

Conclusão: há sistemas de GPS amenos no mundo.

- Queres casar comigo? 

- Sim, agora deixa-me dormir.

Existe, por vezes, aquilo a que podemos chamar romantismo negro – foi assimque elame explicou e eu estou apenas a transcrever, juro – nas melhores, e mais duradouras, relações. É como se – e essa possibilidade não é despicienda – a sombra fosse a base para a luz, e não o seu contrário: uma relação de anulação clássica, mas invertida, passe a complexidade, só espero que alguém me entenda. No fundo: é importante que se esteja pronto a colocar tudo

em causa para se perceber quanto vale esse tudo que se coloca em causa, e não há nada mais capaz de questionar do que a sátira, o lado lunar do que provavelmente sempre foi diurno.

Conclusão: todos os apaixonados têm amor e comicidade, passe a redundância. Amava a felicidade. Nunca foi correspondido. Nenhuma criatura é mais sarcástica do que a vida, convenhamos. O que não falta neste planeta

de deuses e de diabos é pessoas que acreditam firmemente na felicidade e nunca a encontram. Uma pena, claro, e é dessas pessoas que tenho pena, nunca das outras, das que se mantém quietas, pessimistas, à espera de que a

desgraça aconteça. Às vezes a desgraça, claro – a lei das probabilidades é infalível –, acontece mesmo. E elas queixam-se, coitadinhas e parvas. 

Conclusão: o pessimismo é uma profecia que, mesmo errada, acerta em cheio. 

- Sabe, doutor: tenho queda para sobreviver. É, por certo, a maior vocação que todos teremos

de ter. Continuar, todos os dias, custe o que custar, doa o que doer, é o maior dos desportos radicais. Todos os velhos são heróis, o que não quer dizer que todos os jovens não o sejam também: o atleta que vence a maratona foi tão brilhante no começo do percurso como foi no meio ou no fim. As maratonas ganham-se em todos os metros, com uma gestão criteriosa, exaustivamente pensada, com criatividade aqui e ali para apimentar o percurso, como as vidas se ganham em todos os dias, com a mesma gestão criteriosa, exaustivamente pensada,

era a certeza de que era aquela, só aquela, a mulher que queria ter na sua vida para sempre e era mesmo aquela que já estava para sempre na vida de outro homem. 

Conclusão: há sistemas de GPS amenos no mundo.

- Queres casar comigo? 

- Sim, agora deixa-me dormir.

Existe, por vezes, aquilo a que podemos chamar romantismo negro – foi assimque elame explicou e eu estou apenas a transcrever, juro – nas melhores, e mais duradouras, relações. É como se – e essa possibilidade não é despicienda – a sombra fosse a base para a luz, e não o seu contrário: uma relação de anulação clássica, mas invertida, passe a complexidade, só espero que alguém me entenda. No fundo: é importante que se esteja pronto a colocar tudo

em causa para se perceber quanto vale esse tudo que se coloca em causa, e não há nada mais capaz de questionar do que a sátira, o lado lunar do que provavelmente sempre foi diurno.

Conclusão: todos os apaixonados têm amor e comicidade, passe a redundância. Amava a felicidade. Nunca foi correspondido. Nenhuma criatura é mais sarcástica do que a vida, convenhamos. O que não falta neste planeta

de deuses e de diabos é pessoas que acreditam firmemente na felicidade e nunca a encontram. Uma pena, claro, e é dessas pessoas que tenho pena, nunca das outras, das que se mantém quietas, pessimistas, à espera de que a

desgraça aconteça. Às vezes a desgraça, claro – a lei das probabilidades é infalível –, acontece mesmo. E elas queixam-se, coitadinhas e parvas. 

Conclusão: o pessimismo é uma profecia que, mesmo errada, acerta em cheio. 

- Sabe, doutor: tenho queda para sobreviver. É, por certo, a maior vocação que todos teremos

com criatividade aqui e ali para apimentar o percurso.

Conclusão: estar vivo é uma questão de talento.

- Questiono tudo. Um dia vou saber porquê. Não existe ciência alguma nas respostas, por mais que insistam em afirmar o contrário. O que desencadeia a descoberta é a pergunta, o instante de magia em que alguém se dá ao trabalho de perguntar: e se? Um humano que não se dá ao trabalho de perguntar é um humano que não se dá

ao trabalho de se incomodar – que é o mesmo que dizer que é um humano que não se dá ao trabalho de viver. Andar por aqui é muito isso: darmo-nos ao trabalho, incomodarmo-nos com aquilo que, de facto, nos pode mudar a vida. E incomodarmo-nos a sério, sem medo de interrogar, sem medo de indagar, sem medo de contrapor, sem medo de

melindrar.

Só os mortos não melindram ninguém. Conclusão: há gravidade a mais no mundo.

O problema não é a falta de justiça. É o excesso de juízes.

E daqui não sou mesmo  capaz de concluir nada, conclua lá quem está desse lado.

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