
Podemos ser uma República, mas continuamos e continuaremos sempre a adorar casamentos de príncipes e princesas, com direito a capelines e fraques, adornos no cabelo e vestidos coloridos. É o que fica de um passado monárquico – que não acabou assim há tanto tempo, pouco mais de um século – e que, nunca tendo sido Portugal uma potência deslumbrada e ostentatória, não nega o encanto pelos adornos de reis e princesas. Se dúvidas existissem, elas teriam acabado no passado sábado, com a transmissão do casamento da infanta Maria Francisca, segunda filha do pretendente ao trono, Duarte de Bragança, com o jovem plebeu advogado, Duarte Maria. Não houve cabeças coroadas no evento, mas aristocracia e políticos não faltaram em Mafra e a TVI fez a gentileza a nós, pobres plebeus, de nos mostrar o que por lá se passava.
A emissão não podia ter corrido melhor no que toca a audiências. A estação de Queluz deixou a SIC 'KO', provando que Moniz – também ele convidado da infanta na cerimónia – se mantém em forma no que toca a decisões que vão ao encontro do gosto popular. Goucha mostrou-se conhecedor da matéria que comentava e da qual fazia as apresentações e Maria Cerqueira Gomes, no papel de repórter, escudou-se com os convidados certos que explicaram o que ali se passava, não deixando ficar mal a menina bonita da TVI. A transmissão estendeu-se pela tarde, acompanhando os acontecimentos como se de um casamento da monarquia europeia se tratasse – ou, simplesmente, de uma figura conhecida, saída de um reality show da estação. E funcionou! A verdade é que, no sábado, o casamento "real" foi tema do dia para todos os apaixonados por estas matérias, pelos que simplesmente gostam de comentar roupas coloridas ou pelos que não têm de fazer. A SIC ganhou razões para preocupação e percebeu que o melhor é não inventar muito e jogar pelo seguro. Afinal, é de televisão generalista que se trata, aquela onde quanto mais simples e popular for a história que se conta, mais sucesso obterá. Simples.