
1. Passou-se um ano, e pus-me novamente a fazer contas. Em julho de 2020, a TVI ficou a 5 pontos de diferença da SIC, o que é terrível para uma televisão privada, que precisa de audiências – perdão, dinheiro – para viver. Agora, volvidos 12 meses, a estação de Queluz de Baixo prepara-se para fechar o mês a 4 pontos de distância da rival. O que devia fazer pensar Mário Ferreira e seus pares.
Vejamos: hoje, a TVI tem três novelas em horário nobre; há um ano, tinha duas, ‘Quer o Destino’ e ‘Espírito Indomável’ (esta, uma repetição); teve nestes dias a fase final do Euro 2020, há um ano não tinha a prova maior da UEFA entre países; e hoje tem Cristina Ferreira, contratada no verão passado a troco de um ordenado mensal das arábias. A pergunta impõe-se: tantos euros gastos, tantas piruetas dadas, tantos foguetes lançados, para quê?
É evidente que cheira a uma estação sem um rumo bem definido. Um exemplo flagrante foram as trocas de apresentadores realizadas nesta quarta-feira, dia 14. É Cristina Ferreira a ver onde é o melhor lugar para cada um, inclusive para ela. Sem admitir erros, tentando discreta e impercetivelmente arrumar de forma correta os colegas. Não querendo ser duro com ninguém em particular, a verdade é que esta decisão parece-me ser mais um sinal de desorientação estratégica.
Volto a fazer perguntas: um dia apenas de experiência servirá para fazer um "estudo de mercado"? E numa época atípica, como o verão? Pensei que ‘O Programa de Cristina’, com um investimento de 300 mil euros, que passava uma vez por semana e que durou só três meses, tinha servido de lição. Mas parece que não, a julgar pela promoção "a TVI troca-lhe as voltas". Surreal!
2. O nome de Nuno Santos para diretor da CNN Portugal é uma escolha certeira, tendo em conta o currículo que apresenta. Lançou a SIC Notícias e dirigiu a Informação da RTP. Experiência e ‘know-how’ não lhe faltam. Agora, deixará a direção-geral da TVI? Há em Queluz de Baixo melhor do que ele para o lugar?
Apesar de estar afastado das grandes tomadas de decisão da estação, após a chegada de Cristina Ferreira, esta saída só fará sentido, para mim, se Mário Ferreira vier a apostar definitivamente em José Eduardo Moniz. Aí, sim, a conversa já é outra.