
Como é que uma estação que tem tanta gente com história na TV portuguesa, com capacidades que mais ninguém tem, não consegue chegar à liderança? É a minha pergunta, e a que os meus amigos me fazem. Sim, estou a falar da TVI, que tem José Eduardo Moniz, Nuno Santos, Cristina Ferreira, Piet-Hein Bakker e Gabriela Sobral, entre outros, em lugares de topo. A chegada do diretor-geral a Queluz de Baixo, no final de fevereiro, criou uma dinâmica que não existia há muito, é verdade, perspetivava-se até o regresso ao 1º lugar das audiências para breve, mas, depois, nada disso acabou por se confirmar, por um ou por outro motivo.
Estamos em junho. E a SIC, que tem dado uns valentes tiros nos pés, da ficção ao entretenimento, mantém-se à frente da corrida e consegue, assim, esconder os fracassos ‘Ídolos’ – no último sábado, o concurso de Sara Matos teve menos de 700 mil espectadores –, ‘Por Ti’ – a novela de Lourenço Ortigão e de Filipa Areosa prendeu ao ecrã na sexta-feira, dia 27, uns míseros 646 mil espectadores – e ‘Casados à Primeira Vista’, que teima em não superar a barreira de 1 milhão de espectadores. Daniel Oliveira, um mestre no xadrez, respira e agradece que o foco – ou a feira de vaidades – continue na TVI.
José Eduardo Moniz precisa pouco de conselhos, muito menos dos meus, mas o diretor-geral da TVI não pode ter receios de ir em frente, fazer o que acha melhor para voltar a ser líder de audiências. Que é isso que Mário Ferreira deseja, destronar o rival Francisco Pinto Balsemão, que é isso que os acionistas da Media Capital querem: ganhar mais dinheiro. Se for preciso mexer de alto a baixo na estação, para vencer a maioria das vezes dos dias de semana, mexa. Doa a Cláudio Ramos. Ou a Maria Botelho Moniz. Doa a Maria Cerqueira Gomes. Ou a Cristina Ferreira. Doa a José Alberto Carvalho. Ou a Nuno Santos.
Estamos à porta do verão, e é óbvio que três meses são um período (demasiadamente) curto para a TVI destronar o medroso mas organizado rival, mas setembro tem de marcar, em definitivo, uma nova estação junto dos portugueses. Que deve ser popular, ousada, credível, ambiciosa, surpreendente e divertida.