
1. O (bom) trabalho de Sandra Felgueiras na TVI sobre a alegada cunha do filho de Marcelo Rebelo de Sousa para o tratamento milionário dado às gémeas luso-brasileiras, no hospital Santa Maria, em Lisboa, promete continuar a abalar os alicerces da nossa Democracia e a despertar debates, nas ruas, nos cafés, nas redações e nas televisões. "Não me lembrava do email", atirou o Presidente da República na segunda-feira – desta vez, curiosamente, à tarde e não às 20:00, como tanto aprecia, para falar ao País. Um amigo meu recusa acreditar nos piores contornos desta história e perguntou-me se o meu pai também nunca me ajudou. Disse-lhe que sim. Claro que sim.
O meu pai, que não é doutor nem nunca será chefe de Estado, ajudou-me a dar os primeiros passos, a comer, a ler e a contar. Ajudou-me a ver e a perceber o mundo. Ajudou-me a dar ferramentas – no futebol, na universidade, no trabalho. Ajudou-me a resistir, mais ainda na adversidade. Ajuda-me, todos os dias, quando falamos ao telefone, com as suas palavras de amor, de amizade. Foi isto que disse ao Filipe. E ainda que se faça justiça.
2. O ‘Hell’s Kitchen’ termina domingo, dia 10, na SIC. Sem honra nem glória, derrotado pelo ‘Big Brother’, longe do sucesso que Ljubomir Stanisic alcançou na TVI, com ‘Pesadelo na Cozinha’. Em 2017, o chef visitava restaurantes, a pedido dos próprios empresários, e mudava tudo. Arregaçava as mangas, trabalhava com o staff e emocionava-se, entre palavrões e cumplicidades. No último episódio, o formato, mais requintado e empurrado para as 23:00, dividiu-se em sete(!) categorias: ‘Famosos’; ‘Postos à Prova’; ‘O Veredicto’; ‘A Surpresa’; ‘O Inferno’; ‘A Decisão’; e ‘Os Finalistas’. Fim de ciclo, certo?
3. Às vezes, questionamo-nos sobre a perda diária de espectadores nas estações generalistas. Aqui deixo um exemplo da preguiça instalada – ou cunha, sei lá: uma criança, de 10 anos, vítima de bullying na escola, esteve no ‘Casa Feliz’, em 3 de novembro. No dia 27, lá estava a mesma Diana, ao lado da mãe, a relatar, com lágrimas, o seu drama a Júlia Pinheiro. Não se entende. A mesma estação, o mesmo público, as mesmas equipas, o mesmo diretor...