
1. Ponto prévio: não sou fã de ‘reality shows’. O único que acompanhei, do princípio ao fim, fascinado com tudo aquilo que via, foi o primeiro ‘Big Brother’, em 2000, na TVI. Adorava ver o Marco Borges, o Telmo, o Zé Maria, a Célia e por aí fora. Posto isto, não entendo como é que Daniel Oliveira não apostou logo numa segunda temporada de ‘Casados à Primeira Vista’, formato que, não sendo nada de extraordinário, conseguiu surpreender os espectadores e bater, por isso, aos domingos à noite, os produtos do rival de Queluz de Baixo.
Garantem-me que Daniel teve receio de desgastar o formato, de saturar os portugueses. Eu pergunto: à segunda temporada? Impossível. Impossível. O público queria ver mais Daves e companhia, e alguém decidiu tirar-lhe o rebuçado. Este é talvez o maior erro cometido pelo diretor-geral da estação de Paço de Arcos desde que assumiu o cargo. O que lhe faltou em sagacidade, perspicácia e ousadia… sobrou-lhe em medo. Não resisto: alguém lhe compra um cão, por favor?
2. No início de outubro, ainda na ressaca de ter perdido Cristina Ferreira para a SIC, o diretor-geral da TVI disse aos jornalistas que "ninguém é insubstituível". Assino por baixo. Mas é curioso ver Bruno Santos, quatro meses depois desta declaração, agarrar-se com unhas e dentes a ‘Apanha se Puderes’. Tanto, que a estação de Queluz de Baixo até já transmite diariamente não um mas dois episódios do concurso de Cristina e Pedro Teixeira, alavancando deste modo as audiências de ‘First Dates’ e do ‘Jornal das 8’.
Se não há insubstituíveis, e volto a dizer que concordo com esta velha máxima, por outro lado, defendo que há os "imprescindíveis", aqueles que "lutam toda a vida", como escreveu um dia Bertolt Brecht. E Bruno Santos, mais do que ninguém, devia saber que Cristina Ferreira… era imprescindível.
3. Já escrevi aqui que muitos ganharam com a transferência de Cristina da TVI para a SIC. Os profissionais sérios e talentosos, os espertalhões e, ainda, os inteligentes, como Cláudio Ramos e Júlia Pinheiro. Ele, se for humilde e leal a quem lhe deu a mão, tem tudo para vir a ser mais do que um comentador social. E ela, aos 56 anos, só tem de continuar a surfar a onda que lhe é deixada de manhã pela antiga pupila.