
Basta ver a distribuição de votos deste verdadeiro foguete de lágrimas feito com mais de um milhão de votos. Domina em todas as populações deprimidas, pobres, exaustas e, no somatório de tudo isto, revoltadas com a política de cordel que António Costa foi vendendo através do seu poderoso aparelho de propaganda. Para além dos problemas habituais, alguns dos mais instantes e que tocam diretamente as pessoas foram esquecidos. A questão da água. A desertificação. As alterações climáticas. O marasmo da produtividade. O envelhecimento e a natalidade. A grave crise de injustiça para com professores, polícias e militares. A integração das minorias. A miséria salarial.
É certo que o Chega não tem solução para estes desafios. Ele é, apenas, protesto. Perante um Bloco e um PCP mancomunados com o governo, a confiança nestes dois escapes de esquerda colapsou e aí está a direita radical a comandar o descontentamento. Como um foguete de lágrimas que só se extinguirá, ou mirrará, quando partilhar um governo. Então, começará o seu caminho sobre as pedras até se tornar na mesma insignificância da putativa esquerda.
Um milhão de votos é um exército imenso de descontentes, de gente que já não consegue associar as generosas expetativas que o 25 de Abril gerou a esta geração de políticos sem carne, sem osso, feitos do mesmo plástico, embora enfeitados de lantejoulas.
O País doente, anémico, está necessitado que lhe seja insuflado esperança e futuro. Que Montenegro compreenda estes sinais é decisivo ou, então, que ninguém se espante quando no próximo ato eleitoral o Chega tiver dois milhões de votos. A revolta nunca se apaga com paninhos quentes.