
Não dou importância aos assuntos que habitam o chamado "mundo das celebridades". Fútil, com medidas ao comprimento da perna e da saia, montra de desvarios em lugares exóticos, que exibe mamas e corpos bronzeados, onde se louva os extraordinários amores rápidos de hoje que serão divórcios amanhã, onde a banalidade é rainha.
Dou de barato essas mini-novelas da vida real. Se os protagonistas são felizes nos papéis que representam, que o sejam. Porém, chamou-me a atenção um caso que ultrapassa os limites da sensatez e conforme os dias passam, mais sórdidos são os seus contornos, em que as fantasias amorosas, o 'glamour' invejado, o trono de reis se converte em pocilga.
Refiro-me ao caso Shakira e Piqué. Ela, uma deusa do espetáculo. Ele, um deus do futebol da alta-roda. Como quase todos os casamentos cor-de-rosa, separaram-se, tendo por fundamento acusações de infidelidade conjugal. E da separação fizeram espetáculo público para gáudio de milhões. Nada há de mais orgástico para os seguidores destas figuras de fantasia do que assistir a uma boa briga. Shakira compôs canções contra o ex vomitando frustrações. Piqué gostou da paródia e aproveitou-a a seu favor arrecadando representações de marcas de carros e de relógios que a mãe dos seus filhos utilizou nas cantigas.
Pelo que julgo saber, o circo continua o espetáculo de mau gosto e nada disto seria motivo para escrever, uma linha que fosse, sobre o ex-casal, ‘que está a dar que falar’, como se diz na gíria do mundo pintado cor de rosa, se nos bastidores não existissem duas crianças, filhos dos tempos em que os país eram famosos por outros motivos. Têm 7 e 9 anos, a crer nos noticiários do mexerico, e manda a lei, quer no nosso País, quer em Espanha, que em processos de rutura de um casal, prevalece sobre os pais, o superior interesse da criança.
Se regressarmos ao mundo das vidas normais, rapidamente se concluirá que este espetáculo de mau gosto, está a prejudicar gravemente a vida dos dois infantes. Lá, como cá, quando se trata de cuidar de crianças, percebe-se que as vedetas de ocasião, muitas vezes nem pensam nos danos que os seus comportamentos histriónicos causam naqueles nenhuma culpa têm no desentendimento dos pais.
Se houvesse um pingo de juízo, e doses menores de ressabiamento, saber-se-ia proteger aqueles que amam e resguardá-los do circo obsceno onde representam os novos papéis sociais.