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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Tiro ao Padre

Tenho poucas dúvidas de que este tsunami de denúncias tem bases de verdade, mas, por outro lado, não duvido que muitos inocentes estão a ser arrastados para as fogueiras inquisitoriais que se acendem um pouco por todo o lado.
09 de outubro de 2022 às 22:48
Papa Francisco
Papa Francisco Foto: Cofina Media

Sabia-se que o Papa Francisco ia abrir a Caixa de Pandora quando impôs o fim do código de silêncio aos crimes contra a autodeterminação sexual dos crentes. O ano de 2022 vai ficar marcado por este vendaval de denúncias, de retaliações, diria mesmo de vinganças, que trouxe a Igreja e alguns dos seus prelados para a linha prioritária das notícias. Padres e Bispos são zurzidos pelo que fizeram, pelo que souberam e não disseram, por aquilo que se supõe que terão sabido e nada terão feito.

Tenho poucas dúvidas de que este tsunami de denúncias tem bases de verdade, mas, por outro lado, não duvido que muitos inocentes estão a ser arrastados para as fogueiras inquisitoriais que se acendem um pouco por todo o lado.

É preciso uma grande dose de prudência para distinguir o trigo do joio e uma dose ainda maior de sensibilidade para que os casos que chegam ao domínio público, não sejam todos enfiados na mesma gaveta criminal em vez de serem apreciados na dimensão ética que se espera quando estão em causa a dignidade e o bom nome de pessoas.

É certo que o comportamento da Igreja durante muitos anos não foi correto. Em nome da virtude exibida como um dos seus maiores pináculos, escondeu, protegeu, encobriu indivíduos que decidiram ser sacerdotes, não por vocação divina, mas para melhor esconderem vícios, manias, desvios sexuais por debaixo da batina e do cabeção. Quiseram pela forma do fato, esconder as suas fragilidades humanas, investindo numa austeridade formal, uma espécie de nebulosa que abrigava a castidade, a perversão, a virtude e os traumas.

Por outro lado, não se compreende o afã quase anedótico das nossas autoridades que, a propósito de cada caso denunciado, garantem que vão investigar. Como? A Justiça não tem competência territorial para investigar casos ocorridos noutros países, nomeadamente em Moçambique e em Timor. E muito menos tem competência para investigar crimes que a própria lei decidiu prescrever em função do tempo decorrido. Torna-se necessária alguma sensatez nesta caça ao padre. A bem da decência!   

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