
Tenho, obviamente, acompanhado de perto a campanha para as legislativas. E, pela primeira vez em muitos anos, sinto uma falta de coerência como nunca vi. Os líderes partidários, quiçá pelo excesso de debates a que estiveram sujeitos, mudam os discursos ao sabor do momento. Ao ponto de parecer que, afinal, querem todos o mesmo. Se isso significar que querem o melhor para Portugal, tudo bem. Mas deixam-me sem muita margem de manobra para decidir quem será melhor para nos governar.
Um dos discursos mais confusos, para mim, tem sido sobre a imigração. Afinal, os imigrantes são bem vindos porque terão melhores condições de vida? Dignidade e direitos melhores que nos países de origem? Salários que lhes permitam pagar uma melhor educação e saúde aos filhos? Ou podem vir apenas porque nos dá jeito? É para virem apenas para ajudarem a pagar o SNS e ajudarem no equilíbrio da taxa da natalidade, serem motoristas e funcionários de empresas de serviços (muitos sem falarem português e sem sequer estarem legalizados)? É para isso que se defende a entrada desordenada de pessoas que procuram uma vida melhor? Onde está a empatia e humanidade nesses discursos travestidos de boas intenções, se já se sabe o resultado dessa anarquia?
Os portugueses também emigram? Claro que sim. Mas, posso estar muito enganado, o que vemos é isso acontecer de forma mais digna e estruturada. E não, também não acho que o aumento do crime esteja relacionado ao aumento da imigração. Mas não se pode seguir essa narrativa para justificar outra. Meus senhores, basta de fazer de conta. Não vale tudo para ter votos e não se deve prometer o que não se tem. Tenham juízo!