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"Destruição da família tradicional"? Pedro Passos Coelho e o desafio de criar sozinho uma filha adolescente

Antigo primeiro-ministro perdeu a mulher quando a filha mais nova tinha apenas 13 anos e hoje enfrenta sozinho a missão de educar Júlia numa fase mais desafiante e em pleno choque geracional, como revelou esta semana, num caso que o colocou novamente nas bocas do mundo, desta vez por defender os valores de família mais conservadores e tradicionais.
09 de abril de 2024 às 20:41
Pedro Passos Coelho com as filhas
Pedro Passos Coelho com as filhas

Desde que, na campanha eleitoral, discursou ao lado de Luís Montenegro, para demonstrar o seu apoio ao agora primeiro-ministro, que Pedro Passos Coelho como que saiu da espécie de sombra política onde se encontrava para regressar a uma maior exposição, nem sempre, no entanto, bem acolhida.

Este semana, o antigo primeiro-ministro do PSD voltou a dar que falar ao apresentar o livro 'Identidade e Família', que reúne 22 textos de personalidades ligadas a uma Direita mais conservadora e católica e que apela a que se regresse a valores que afirmam estar perdidos como a "família tradicional", condenando conceitos como ideologia de género, ou aquilo que apelidam como cultura da morte, com o debate em redor da eutanásia.

As ideias mais à direita gereram, de pronto, enorme burburinho nas redes sociais e não só, com direito a uma manifestação à entrada da livraria onde a obra foi apresentada e onde, além de Pedro Passos Coelho, estava também, por exemplo, o líder do Chega, André Ventura.

"O conceito de família foi evoluindo ao longo do tempo e é a realidade das coisas que se impõe. Isso não significa que não possa haver lugar a uma certa idealização dos conceitos e que não possamos ter um ideal de família", afirmou o ex-líder do PSD, que defende os valores mais tradicionais e conservadores de modelo de família.

Ao falar com os jornalistas sobre o livro, Passos Coelho abordou, inclusivamente, o seu caso específico. Pai de três raparigas, duas da anterior relação com Fátima Padinha, e uma em comum com a antiga mulher, Laura Ferreira – que morreu em 2020 após uma longa batalha contra o cancro – o ex-primeiro-ministro lamenta que o seu conceito de família atual esteja longe daquilo que idealizou uma vez que é "pai solteiro", afirmando que o seu caso "dificilmente corresponde a uma idealização do conceito de família."Na verdade, desde que a mulher adoeceu que o antigo lider do PSD teve de enfrentar desafios maiores. Com Laura cada vez mais frágil, Passos Coelho assumiu as rédeas da educação de Júlia, que tinha apenas 13 anos quando perdeu a mãe, com todos os desafios que isso acarreta. A jovem, precisamente da geração Tik Tok, que aceita de forma natural os novos conceitos de família e ideologia de género, tem agora 16 anos e coloca a parentalidade de Passos Coelho à prova a todos os níveis. Ainda assim, e por maiores que sejam os desafios, o político já demonstrou que, aos 59 anos de idade, tem aquilo em que acredita bem definido e que não teme as vozes críticas que, nas redes sociais, têm apelidado os seus ideiais de "ultrapassados, machistas e ultra-conservadores."

Na verdade, desde que a mulher adoeceu que o antigo lider do PSD teve de enfrentar desafios maiores. Com Laura cada vez mais frágil, Passos Coelho assumiu as rédeas da educação de Júlia, que tinha apenas 13 anos quando perdeu a mãe, com todos os desafios que isso acarreta.

Apesar de todas as diferenças e do choque geracional, quem priva com Passos Coelho não tem dúvidas de que todo esse mundo que o separa da filha mais nova tem sido colmatado com um afeto "inexcedível" e um amor que sempre demonstra quando o assunto é a sua família.

UM HOMEM NO MEIO DE TRÊS MULHERES

Desde que se despediu do cargo de primeiro-ministro que Pedro Passos Coelho decidiu também afastar-se da cena política, o que coincidiu com a fase mais difícil da sua vida, em que perdeu vários pilares importantes, como a mãe, o irmão mais velho e, principalmente, a mulher.O caso de Laura comoveu o País porque, ao longo de cinco anos, todos acompanharam o percurso da fisioterapeuta na doença, sempre determinada e de sorriso no rosto, e a forma como o político a amparava no seu período mais doloroso. A história de resiliência suscitou ternura e o final trágico foi o desfecho que ninguém esperava e que deixou o então primeiro-ministro de coração partido e a braços com a nova realidade de família monoparental que nunca esperou viver.

Ainda assim, não virou costas à luta e quem o conhece diz que tudo fez para que Júlia sentisse o mínimo possível (ou não mais do que aquilo que teria de sentir) a falta de Laura. A família uniu-se ainda mais e neste processo Pedro Passos Coelho tem contado com o apoio das filhas mais velhas, Joana e Catarina, bem como da enteada, Teresa, com quem mantém uma excelente relação.

O político não voltou a ter ninguém a seu lado desde o fatídico ano de 2020, continua a usar a aliança de casado e mantém rotinas em tudo semelhantes da sua vida de casado, continuando a residir na mesma casa, em Massamá. Desde a partida da mulher que assumiu o desafio de educar Júlia como a sua nova missão de vida e quem priva com Pedro Passos Coelho sabe que, para ele, seria impensável voltar à cena política, e a um cargo que exigisse tanto de si, enquanto a filha ainda necessitasse tanto da sua presença, honrando a promessa que fez à mulher, pouco antes da sua morte: ficar longe dos grandes cargos políticos até a filha ser um pouco mais autónoma.

Agora, com Júlia já bem lançada na adolescência e já mais independente, o nome de Passos Coelho tem regressado às notícias, com o antigo primeiro-ministro a assumir posições que se colam cada vez mais com uma direita mais conservadora.

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