Medo e ameaças. André Ventura recua para proteger a mulher e toma decisão drástica que põe em causa os sonhos da família
André Ventura deixou de aparecer com a mulher que, nos primeiros tempos do Chega, era quase como um estandarte do partido. Situações limite levaram o político a fazer marcha-atrás e até a tomar uma decisão que teve impacto nos sonhos da vida a dois com Dina.
Quando iniciou a sua carreira política, André Ventura tinha na mulher uma espécie de braço direito. Apesar de não desempenhar qualquer cargo no partido, Dina Marques Nunes era presença assídua em todas as ações partidárias do Chega e nas redes sociais o político não escondia o orgulho que sentia na companheira, fisioterapeuta de crianças, que conheceu já depois de ter terminado o curso de Direito.
A presença da mulher era, na altura, vista como uma espécie de imagem de marca do partido liderado por Ventura, que pretendia alicerçar a ideia de família como um porta-estandarte do Chega.
"É normal o André querer ter a mulher ao seu lado, sendo a família uma das bandeiras mais importantes do partido. É uma das componentes católicas conservadoras que o André quer reforçar", revelou na altura uma fonte à revista Sábado.
Nos primeiros tempos da sua vida política, a situação não se alterou e Dina Marques Nunes continuou sempre a aparecer ao lado de Ventura, quer em entrevistas mais pessoais, quer nos momentos mais decisivos da carreira política do companheiro. No entanto, essa harmonia acabaria por não durar muito tempo, com o líder do Chega a fazer uma espécie de 'marcha-atrás' para proteger a companheira, assim que começaram a surgir as primeiras ameaças.
"As pessoas naturalmente reconhecem-na, sabem quem ela é e respeitam a liberdade dela. Mas acredito que depois, fora do trabalho, haja outro tipo de mal-estar ou ameaças", revelou à Sábado Sandra Matias, amiga de Dina e mulher político Manuel Matias, em setembro de 2020.Por isso, à medida que a relevância política de Ventura ia aumentando, a presença da companheira nas redes diminuía drasticamente até desaparecer por completo. E o que antes eram imagens de férias ou partilhas da vida a dois foram totalmente eliminadas nas redes.
Hoje, até mesmo nas entrevistas mais pessoais que dá, há uma clara reticência de Ventura em aflorar a questão do casamento ou esmiuçar pormenores da sua vida com Dina Marques Nunes, o que tem a ver com questões relacionadas com a segurança da família.
A sua carreira política tem, aliás, tanto impacto na sua vida pessoal que Ventura, de 41 anos, colocou de lado, para já, a ideia de ter filhos porque acredita que não estariam reunidas as condições para que vivessem em segurança. "Ainda não desisti de ter filhos, gostava de ter. Mas vivo sempre com segurança, tenho sempre limitação nas deslocações que faço. Foi uma vida que eu escolhi, mas isso também me leva a pensar nas condições em que estou hoje, se tenho condições para dar aos meus filhos uma vida de segurança, que é o mínimo que eu lhes poderia querer dar e nós hoje temos de ter cuidados de segurança que eu não tinha há dez anos", explicou em conversa com Diana Chaves e João Baião no programa 'Casa Feliz', da SIC.
"Gostava de ser pai. Acho que deve ser uma experiência enriquecedora, que muda a nossa vida. Provavelmente um filho ia tornar o meu coração mais mole", disse, admitindo, no entanto, que esse sonho foi posto em banho-maria por causa da carreira política.
AMOR DEMOVEU-O DE SER PADRE
André Ventura cresceu em Mem Martins, Sintra, e garante ter sido um bom rebelde até, aos 14 anos, os seus caminhos se terem cruzado com os da Igreja Católica. De repente, o jovem, criado numa família que não era especialmente religiosa, começava a mudar a sua visão das coisas e a influência foi tanta que decidiu ir estudar para o Seminário em regime de internato.
Apesar da vocação que sentia, foi a sua primeira grande paixão que abaria por demover e fazer com que, aos 17 anos, desistisse do Seminário e integrasse o curso de Direito.
"Estive no Seminário e quis ser padre, o que foi uma desilusão para a minha mãe. Vivi em regime de internato e foi muito duro, difícil, mas depois apaixonei-me e não continuei. Tinha 17 anos e não ia estar a violar as regras do sacerdócio", contou esta quarta-feira, dia 21 de fevereiro, na SIC.
Apesar do corte, André Ventura garante que a sua fé se manteve inalterada. Ainda hoje, reza todos os dias e anda sempre com a mesma cruz no bolso, que lhe foi dada quando em 2019 foi eleito deputado.
"Rezo todos os dias, tenho sempre um terço comigo. não imagino a minha vida hoje se não tivesse descoberto Deus. Sou muito supersticioso e estou sempre atento aos sinais das coisas, o que às vezes é cansativo. Ando sempre com uma cruz que me deram na noite em que fui eleito deputado em 2019. Quando me esqueço volto atrás, porque fico muito perturbado".
Sobre o que faz nos tempos livres ou a maneira como passa as suas férias, André Ventura também se mostra mais reticente em comentar, garantindo apenas que a sua companhia não é assim muito estimada na altura de ver televisão em casa. "Eu sou o pior companheiro de ver televisão de qualquer pessoa, porque estou sempre a comentar e a criticar".