O amor que os salvou: como Pedro Passos Coelho e Fátima Padinha foram o ombro um do outro nas tempestades da vida
Apesar do divórcio, o político e a cantora das Doce souberam sempre manter-se unidos e ainda bem que assim foi. Quando ele perdeu a segunda mulher e o pai num curto espaço de tempo, foi Fátima que o 'salvou' e o mesmo aconteceu nas longas batalhas pela saúde. Um amor de família que sobrevive a tudo e que agora cresce com novos motivos de celebração.A história de Pedro Passos Coelho e Fátima Padinha é longa, cheia de curvas sinuosas, mas a verdade é que nas várias tempestades da vida, os dois souberam sempre respeitar aquilo que um dia leram como votos de matrimónio de que se apoiariam na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, algo que cumprem mesmo depois de o divórcio há muito já ter sido rubricado.
O político e a ex-cantora das Doce conheceram-se um ano depois de Fátima ter deixado a banda e o amor, pelo menos para ela, foi fulminante. "Fiquei apaixonada, foi tiro e queda. Adorava ouvi-lo falar. Dava-me a segurança e a estabilidade que eu precisava", já partilhou Fátima, que acabaria por partilhar 18 anos da sua vida com Pedro Passos Coelho, com quem teve duas filhas, Joana e Catarina – a última acaba por lhes dar a notícia mais feliz, ao abençoá-los com um neto.
O amor acabou por ter "objetivos diferentes", mas Passos Coelho e Fátima nunca cultivaram mágoas ou ressentimentos e foram mantendo uma amizade onde havia espaço para as novas pessoas que entrariam nas suas vidas, sendo que Padinha acabaria por tornar-se grande amiga de Laura Ferreira, a segunda mulher do político, acompanhando de perto toda a batalha da fisioterapeuta contra um cancro, que acabaria por lhe roubar a vida, em 2020.
Mesmo depois da partida de Laura, as duas famílias continuaram em perfeita sintonia e no último verão, por exemplo, foi possível ver Fátima e Passos Coelho com a enteada e a filha em comum com Laura numas férias no Algarve, que simbolizam esta perfeita união.
Passos Coelho acabaria também por ser fundamental na vida de Fátima, que tem estado a braços com vários e complicados problemas de saúde, encontrando no antigo companheiro um ombro, assim como o contrário também aconteceu, depois de o político ter vivido uma verdadeira tormenta, com vários acontecimentos dolorosos a marcarem a sua vida.
AS DURAS PERDAS FAMILIARES
Pedro Passos Coelho está hoje mais sereno, conformado, mas sem esquecer a dor que tem pautado a sua vida ao longo dos últimos anos. Numa reportagem feita pela revista 'Sábado', os amigos garantiam que ele não se isolou depois dos infortúnios da vida, mas colocou, mais do que nunca, os olhos na família, até porque é aí que se sente bem.
Os desgostos aconteceram uns atrás dos outros e colocam em dúvida os dizeres populares que afirmam que um azar não bate sempre à mesma porta. No caso de Pedro Passos Coelho, à sua não parou de tocar. A mulher foi o mais duro embate e aquele de que dificilmente vai recuperar. Em 2015, a família susteve a respiração quando a fisioterapeuta foi diagnosticada com um tumor ósseo num dos joelhos. Na altura, o político estava no final do seu mandato como primeiro-ministro e, apesar de ter continuado na cena política, declarou guerra à doença com a mulher. Foram juntos a praticamente todas as consultas, tratamentos e, quando eram fotografados lado a lado, numa altura em que Laura já não tinha cabelo, Passos apertava-lhe a mão, enquanto ela sorria.
Foi neste espírito de união que celebraram os recuos da doença, mas também que enfrentaram o cenário cada vez mais dramático traçado pelos médicos que acompanhavam Laura no IPO, quando as metástases não davam tréguas, e que culminou com a sua morte, em 2020. Aconteceu um ano depois de Pedro Passos Coelho ter perdido o pai e a paz tardaria a chegar. Apenas oito meses depois de ter ficado sem a companheira, Passos Coelho deparou-se com a notícia da morte do irmão mais velho, Miguel, que tinha paralisia cerebral desde criança e faleceu no hospital onde estava internado, vítima de uma infeção. Dois anos mais tarde, perderia também a mãe.
Num ano negro que parecia não ter fim, o antigo político viu ainda a irmã ser diagnosticada com um cancro, assim como a antiga companheira, Fátima Padinha, que também continuava a braços com a doença. No meio deste cenário e com uma filha menor a seu encargo – Júlia, atualmente com 18 anos de idade – era também o cuidador dos sogros.
No ano em que questionou se era possível suportar mais sofrimento, desceu ao fundo, mas, de acordo com os mais próximos, nunca se desviou do foco: a filha mais nova, que tinha sido privada da mãe em tão tenra idade e dependia inteiramente de si. Afastou-se da política, dedicou-se à família e honrou a promessa que fez a Laura, de que se dedicaria a 100 por cento à filha. No meio deste processo esteve sempre rodeado por mulheres: as três filhas, Fátima Padinha e também a enteada – filha de Laura –, de quem sempre foi muito próximo, uma espécie de âncoras que o ajudaram a manter-se à tona durante o período mais negro da sua vida.