Ó Milhão, Milhão, que ideia a tua! Das cabras no escritório à casa em Miami: as rocambolescas histórias do milionário dono da Prozis
Toda a gente fala do excêntrico CEO português da Prozis que defendeu a ilegalização do aborto nos EUA. É ele o homem que comprou duas cabras como mascote da empresa e as soltou na sede, para desespero dos empregados; mas também o empreendedor que tem um 'podcast' particular chamado "Conversas do Kar*lh*" onde diz tudo o que lhe apetece. Conheça a história do adolescente que levou à falência tudo em que se metia e que aos 23 anos sofre uma lesão e por mero acaso descobre a gruta de Alibabá com um negócio da China.
Miguel Milhão, 39 anos, o dono e fundador da Prozis, uma empresa portuguesa que desde 2006 vende desde proteínas alimentares a barras energéticas; de sapatilhas desportivas a manteiga de amendoim em quase todo o mundo, e que para uma festa de Natal chegou a contratar o socialite José Castelo Branco para o colocar num cercado na sede da empresa a rebolar no feno e a fazer cosquices a duas cabras anãs, qual bicho de estimação, acaba de ser queimado em plena praça pública e alvo de incinerações nas redes sociais por ter defendido a ilegalização do aborto pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América.
Num 'podcast' pessoal, onde debita tudo o que lhe vem à cabeça, e a que chama 'Conversas do Kar*lh*', o excêntrico milionário Milhão defendeu a ideia de que "parece que os bebés que ainda não nasceram têm os seus direitos de volta nos Estados Unidos. A natureza está a recuperar."
O Supremo americano tinha acabado de anunciar a polémica decisão de revogar a lei que garantia o direito ao aborto naquela Nação e Miguel Milhão, que lá reside, sentiu que tinha que se congratular com esse passo histórico para si, mas retrocesso civilizacional para a maioria os americanos e da população mundial.
Com o preço dos combustíveis nas bombas a bater todos os recordes, com os hospitais sem profissionais e a fechar urgências e consultas com grávidas a terem filhos mortos por falta de assistência, pessoas a serem mortas sem escrúpulos e por motivos fúteis, incluindo bebés, a Ucrânia a ser massacrada pela Rússia, mas a grande raiva dos cibernautas cá do burgo virou-se toda contra Miguel Milhão, que soube cavalgar bem a publicidade gratuita que as 'influencers' e os 'influencers', que o abandonaram nesta hora de polémica, decidindo descarregar todos os ataques contra Milhão e a marca que fundou.
QUEM SALTOU FORA E ABANDONOU MILHÃO?
De imediato, figuras nacionais que eram fãs da "Opus Diet" que a Prozis lhes garantia e que moldaram corpinhos de ginásio e até pagaram contas à custa de serem comissionistas da marca, lavaram, qual Pilatos, as mãos do sangue do carniceiro Miguel Milhão, elevado à categoria apoiante de matadores de bebés, desde o feto à nascença.
As primeiras a saltar fora da marca que se arrisca a tornar-se proscrita no mercado das dietas e dos suplementos para criar músculo foram as atrizes Marta Melro e Diana Monteiro. As artistas, antigas embaixadoras da Prozis, informaram os seus seguidores de que terminaram assim a ligação com a marca de suplementos alimentares.
A apresentadora da TVI Helena Coelho também aproveitou a ocasião para deixar uma mensagem bastante crítica na caixa de comentários: "A questão já não é a opinião sobre o aborto. É a prepotência e arrogância de quem ‘não precisa de Portugal’, de quem não quer um cancelamento da sua empresa para que a classe trabalhadora não fique prejudicada… mas não a defende nem ajuda", disse, jurando que nunca mais compra produtos da marca Prozis.
Rita Belinha, repórter da RTP e embaixadora da marca, também bateu com a porta à Prozis. "Para mim isto não é uma questão de opinião. Isto, para mim, é como trabalhar com um racista ou um homofóbico. Não muda muito", escreveu nas suas redes sociais, no momento em que decidiu saltar fora do barco.
Quase de forma instantânea, uma onda de choque de comentários agressivos e negativos contra a marca de suplementos nas redes sociais obrigou os responsáveis a ativarem um processo de gestão de crise e a bloquearem a possibilidade de se escreverem mais comentários contra a firma nas suas publicações do Instagram.
À revista online NIT (New in Town), vários funcionários, e ex-funcionários da Prozis que obviamente não deram a cara, contam que Miguel Milhão é um excêntrico que organizava festas privadas com cabras anãs e José Castelo Branco a rebolar na palha e a chamar pelas bichanas e que imprime um ambiente de loucura e histórias insólitas na empresa.
Além das cabras anãs com quem Castelo Branco se entreteve a rebolar no feno, Miguel Milhão costumava referir-se à sua empresa como GOAT, acrónimo que forma uma palavra sinónima de cabra em inglês e que mais não será do que Greatest Of All Time (A maior de todos os tempos). Ah, e haver cabras espalhadas e suas respetivas fezes pelo escritório ter-se-á tornado um gozo pessoal do patrão a que alguns empregados chamavam "capricho".
SABIA O QUE ERA A PROZIS? ENTÃO AGORA JÁ SABE...
Mas vamos ao que interessa. A 'The Mag' tentou entrar em contacto com o fundador da Prozis no sentido de perceber o que ganhou e o que perdeu com toda esta polémica. Para já, percebemos que poupará milhares de euros nas comissões que tinha que pagar a partir de julho às embaixadoras e embaixadores desertores, de quem, honestamente, depois de toda esta polémica, já não precisará mais.
Toda a gente em Portugal fala da Prozis e toda a gente, que não conhecia a marca e o que ela vende, já esteve quase de certeza nos super e hipermercados a espreitar as prateleiras com produtos da marca e a observar os rótulos. Alguns consumidores até terão levado para experimentar...
"NÃO PRECISO DA PROZIS, NEM DE PORTUGAL. BAHHHH..."
Enquanto nas redes sociais os indignados contra Miguel Milhão e a sua Prozis e os defensores do CEO da empresa se vão gladiando com palavras fortes, o próprio não foi nada meigo nas respostas que deu ao antagonistas. No 'podcast' caseiro 'Conversas do Kar*lh*', Milhão chamou "pulhecos de m*rd*" e "canzoada" e embrulhou-os a todos num enorme saco de "hipocrisia".
Em relação à Prozis ser ou não afetada com a polémica, Milhão foi mais longe: "Não preciso de Portugal e não preciso da Prozis. Tenho recursos ilimitados", realçou, acrescentando ainda que a Prozis é uma empresa internacional "talvez a marca portuguesa mais conhecida fora do País. E vive do comércio exterior, 85% é exportação".
Segundo avança a revista Sábado online, além de algumas empresas do universo Prozis estarem sedeadas em offshores, Miguel Milhão terá beneficiado em Portugal de fundos comunitários que investiram 18,5 milhões de euros nos seus negócios privados.
MAS QUEM É O POLÉMICO EMPRESÁRIO QUE ANDA NAS BOCAS DO MUNDO?
Mas, afinal, quem é este empresário que criou um pequeno império com suplementação desportiva? Chama-se Eduardo Miguel Airosa Milhão, na adolescência tentou vários negócios, mas sempre fracassou.
O seu golpe de sorte aconteceu por causa de uma lesão sofrida durante os treinos de natação, modalidade em que era federado. Foi graças à maleita que Milhão deu conta da escassez de produtos de nutrição desportiva em Portugal. Esta descoberta, aos 23 anos, acendeu uma luz na cabeça dele e, com 25 mil euros da venda do carro que o pai lhe tinha oferecido, monta a Prozis.
Num ápice instala um centro logístico na região do grande Porto e num ano estava a expandir os negócios ao Brasil. Da expansão ao franshising foi um tiro e a Prozis entra no competitivo mercado dos EUA, com parcerias com ginásios e marca de automóveis de competição, sempre apostando na imagem de 'influencers' e no sistema de modelo de cupões de desconto personalizados, com amplo sucesso nas redes sociais.
Em 2014, oito anos depois de ser criada, a Prozis faturava 47 milhões de euros e tinha mais de 800 mil clientes em cem mercados.
O "INCANCELÁVEL" QUE VIVE NO LUXO EM MIAMI BEACH
É por isso que o CEO se acha detentor de um superpoder que é o de ser "incancelável". É ousado, arrojado e é conhecido pelos seus colaboradores mais próximos como um gestor excêntrico. A comprová-lo está a decisão de comprar duas cabras como mascotes para a empresa. Empresa que diz estar "enraizada na ética cristã e ocidental". "Não nos importamos com o que é politicamente correto. Não nos tente mudar, não terá sucesso", defende o empresário que leva uma vida luxuosa em Miami Beach, na Flórida, onde vive, assumindo os seus pecados: "Cometemos erros e às vezes fazemos coisas estúpidas. Mas aprendemos e evoluímos. Perseveramos e seguimos em frente. Por favor, perdoe-nos e entenda que estamos a fazer o nosso melhor".