O novo brilho de Portugal aos olhos do mundo! Como Paula Amorim rejuvenesceu a Avenida da Liberdade e a Comporta e se assumiu como a grande patroa do luxo
O dinheiro e o estatuto mudaram de mãos em Portugal. Com a queda dos Espírito Santo, abriu-se espaço ao nascer de um novo império. 'Dona' da Avenida da Liberdade e da Comporta, Paula Amorim é hoje o símbolo máximo do status quo no País, mas também aquela que ajudou a tornar Portugal mais apetecível aos olhos de quem nos visita. Com a sua visão estratégica, que herdou do pai, mas que também esgrimiu por conta própria, a empresária soube criar um novo caminho no segmento do luxo, que mudou tudo. Américo Amorim, certamente, estaria orgulhoso.
Paula Amorim já nasceu, é certo, numa espécie de berço dourado, a quarta geração de um grupo familiar que soube multiplicar o seu dinheiro ao longo das décadas, mas isso não fez com que dormisse à sombra da própria cortiça. É uma 'self made woman', longe do percurso convencional dos novos gestores. Aos 19 anos, há muito que já trabalhava nos negócios da família, e demonstrava pouca paciência para os estudos. Deixou a faculdade numa fase ainda muito inicial, mas não sentiu falta da carreira académica. No grupo Amorim, foi contabilista, gestora, funcionária com as mãos no terreno e aprendeu às próprias custas, e com os ensinamentos do pai, Américo Amorim, a empreender.
Com os negócios do Grupo, a Galp e a corticeira, tinha a vida feita, não precisava de fazer mais nada que seria eternamente milionária – a fortuna do clã está avaliada em 4,3 mil milhões de euros – mas aos 32 anos decidiu trilhar o seu próprio caminho. À revelia do pai, criou a sua própria empresa na área do luxo – começou por ser uma loja multimarcas na Avenida da Liberdade, a Fashion Clinic – e atualmente tem um verdadeiro império em nome próprio.
"Trabalhei sempre com o meu pai e quando tinha 32 anos, eu decido tentar uma carreira independente, senti uma necessidade enorme de tentar. O meu pai não ficou muito contente com a decisão, mas partiu de uma vontade muito grande de ter uma independência", disse em conversa com Francisco Pinto Balsemão, numa das poucas entrevistas que já deu.
É avessa ao mediatismo, matém-se mais vezes na sombra do que nos holofotes, raramente lhe vemos a cara por vontade própria, mas desde que se casou em segundas núpcias com Miguel Guedes de Sousa que também isso mudou. Ele, um empresário com vasta experiência hoteleira e muitos anos de vida no Oriente, é talvez mais mundano, pragmático e sabe que o equilíbrio dos novos tempos passa por alimentar a curiosidade de quem gosta de espreitar pelos buracos das fechaduras dos muito ricos.
Por isso, na sua conta de Instagram, mostra-nos um pouco daquele que é o mundo dos Amorim/Guedes de Sousa. Conta-nos, por exemplo, o que comeram no Natal, algumas das viagens pelo mundo que o inspiram a título profissional e até revela uma fotografia do novo príncipe do clã: Manuel, atualmente com 4 anos de idade, que nasceu com recurso a barriga de aluguer quando Paula já tinha 49 anos.
"Fui mãe aos 49 anos, foi uma gravidez de substituição (barriga de aluguer) nos Estados Unidos. O meu marido tinha um desejo profundo de ser pai e é uma alegria. Não foi uma decisão fácil, mas hoje ter o Manel em casa é uma felicidade e luz imensa e acho que rejuvenesci", fez saber na mesma entrevista, com um misto de ternura na voz e o sotaque do Norte, que nunca perdeu, apesar de já estar há mais de uma década a viver em Lisboa e de ser, acima de tudo, uma cidadã europeia.
O marido, Miguel, é também o parceiro perfeito nos negócios. À paixão de Paula pelo luxo juntou-se a experiência de Guedes de Sousa em hotelaria e restauração, o conhecimento da gastronomia asiática que trouxe para o JNcQUOI. Nasceriam deste casamento uma série de projetos que deram um brilho renovado à Avenida da Liberdade, que aos poucos se foi abrindo para o mundo. Hoje, Paula tem cada vez mais metros quadrados conquistados na principal artéria da capital. Entre lojas de roupa, restaurantes e um hotel a caminho, é quase tudo dela. "É uma conjugação de duas pessoas: eu e a minha mulher. Eu já tinha a especialização na hotelaria e na restauração e ela na moda e na gestão e queríamos fazer algo único juntos", explicou Miguel Guedes de Sousa.
Juntos, têm sempre vontade de fazer mais, de abrir mais portas e hoje Paula não esconde uma pontinha de orgulho por ter contribuído, também, para apresentar esta nova Lisboa aos olhos do mundo, uma cidade mais cosmopolita, que se renovou em vez de adormecer no tempo, que piscou o olho a novos turistas, que até então preferiam seguir para outras paragens.
"O meu grupo está muito bem. Evoluímos para além da moda, somos muito fortes na restauração contemporânea, são espaços que podiam estar em qualquer parte do mundo. Não existem projetos à dimensão de Portugal, mas sim projetos global. Quando começámos, diziam-nos que não havia mercado, mas há procura. O meu marido é hoteleiro, tem uma grande experiência internacional na área onde nós estamos e temos revolucionado, demos um input e desenvolvimento muito grande à Avenida da Liberdade", partilhou Paula.
UM SONHO CHAMADO COMPORTA
Paula Amorim começou o seu caminho do luxo na Avenida da Liberdade, mas rapidamente sentiu que aquele espaço seria pequeno para as suas ambições. A aquisição da Herdade da Comporta foi mais do que dar asas aos seus sonhos, teve um simbolismo muito grande, se pensarmos que até então estava nas mãos da família que era uma espécie de 'porta-aviões' no nosso País: os Espírito Santo.
Não é, por isso, descabido de afirmar que a queda de Ricardo Salgado deu espaço a um novo clã para emergir. Paula Amorim já tinha quase tudo: o dinheiro, a linhagem familiar, um percurso vencedor, mas faltava-lhe um certo status quo, que se vai conquistando, e que faz com que os outros olhem com admiração. E se quando entrou na Comporta todas as vénias eram dirigidas aos Espírito Santo, agora haverá até gerações, que frequentam os novos espaços que empreendeu naqueles que são considerados os Hamptons portugueses, que até já nem se lembrem bem quem é Ricardo Salgado. É ela a nova dona da Comporta, que aparece na Hola! como a empresária de maior sucesso em Portugal, que atrai caras da realeza e outros rostos internacionais ao nosso País.
Paula é o novo sinal claro de riqueza, do novo Portugal que brilha aos olhos de quem o vê de fora mas, claro, o seu estilo não agrada a todos. Há quem torça o nariz ao facto de estar a fechar as portas daquele Alentejo onde, historicamente, o povo era quem mais ordenava, de estar a plantar 'Guccis' onde antes havia a alegria das grandes tascas, de estar a erradicar o sotaque alentejano da Comporta, onde os locais já não conseguem pagar pelo metro quadrado milionário mas, na realidade, não haverá um lado certo e um errado da história, apenas um caminho que Paula Amorim garante saber de que forma trilha. E entre todas as críticas que se lhe possam dirigir, seria errado se não lhe reconhecêssemos o pulso de uma mulher, empreendedora, com visão estratégica e que ainda por cima é 'nossa', portuguesa.
"Achamos que há imensas oportunidades em Portugal, que está sem dúvida no radar do turismo e dos investidores. Não há espaço em Portugal para um turismo de massas, não é esse o caminho para o País. É um turismo que consome pouco, gasta pouco e não investe. Portugal deve ser preservado e um turismo de massa não penso que seja o melhor para o País", diz Paula Amorim, que hoje tem 53 anos e ainda muitos sonhos por cumprir numa carreira que está agora no topo.
O 'dinheiro' e o estatuto mudaram para as mãos de Paula, que da sua paixão pelo luxo deu também uma nova aura de encantamento a Portugal.