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Um enorme estrondo, o pânico dos turistas e o choro desesperado de uma criança. A cronologia horrível de uma tragédia já cravada na história de Lisboa

Os números da tragédia do Elevador da Glória davam conta, pela manhã desta quinta-feira, dia 5, de 16 vítimas mortais e 23 feridos, cinco deles em estado grave. Ao mesmo tempo que várias investigações decorrem na urgência de apurar responsabilidades, Lisboa acordou com uma sensação de vazio e horror de um drama já cravado na história da cidade.
Por Rute Lourenço | 04 de setembro de 2025 às 11:37
Equipas de emergência no local do acidente com o Elevador da Glória, em Lisboa Flash
Bombeiros e populares no local do acidente do Elevador da Glória, em Lisboa Flash
Polícia Judiciária investiga tragédia no Elevador da Glória, em Lisboa, com vítimas e feridos Flash
Lisboa acorda com horror após descarrilamento do Elevador da Glória. Flash
Tragédia em Lisboa: autoridades investigam acidente perto do Elevador da Glória Flash
Bombeiros de Lisboa atuam no local do acidente do Elevador da Glória Flash
Bombeiros em Lisboa após tragédia no Elevador da Glória, que vitimou 17 pessoas Flash

Entre as 18h08 e as 18h11, um enorme estrondo foi ouvido no coração da cidade de Lisboa, sem que fosse imediatamente identificado. Alguns acharam que poderia ter tratar-se de uma explosão, outros ficaram simplesmente alerta, mas para aqueles que se encontravam nas imediações, na Calçada da Glória, o cenário de horror que se desenrolou diante dos olhos deu imediatamente a dimensão da tragédia.

As circunstâncias exatas do acidente que provocou o descarrilamento do Elevador da Glória, com 140 anos de História, ainda estão a ser apuradas, com várias investigações a terem sido abertas de imediato, mas até agora as informações conhecidas dão conta de que o cabo que sustentava o elevador se terá quebrado, com o ascensor, que subia dos Restauradores para o Jardim de São Pedro de Alcântara, a ter recuado e a seguir desenfredado até à curva onde acabaria por embater num edifício, um hotel, pouco antes de uma cadeia de fast food.

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Ao estrondo e à enorme nuvem de poeira que se formou, a sensação de caos e tragédia foi imperial. Locais dão conta de turistas a correrem em todas as direções, do desnorte no rosto das pessoas, e dos muitos que se acercaram dos destroços do elevador na tentativa de salvar vidas. Dos gritos e choro que se misturavam com o silêncio sepulcral daqueles para quem já nada havia a fazer. "Percebi que nenhuma das vítimas pedia ajuda. Não se ouvia nada”, contou ao 'Expresso' Farid Shovro, de 32 anos, que foi um dos primeiros a chegar ao local. Mais tarde, deparou-se com um bebé num choro convulsivo, num cenário de horror que jamais conseguirá esquecer. “De repente, um bebé começou a chorar. O meu amigo pegou nele. Naquele momento, pensámos que aquela criança provavelmente estava órfã. Até agora, não sabemos se estava ou não”.

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Na manhã desta quinta-feira, dia 4 de setembro, o balanço era ainda mais trágico do que aquele que havia sido feito ao final da noite, quando muitos não conseguiam desligar dos principais canais noticiosos, a acompanhar a dor de uma das maiores tragédias na cidade de Lisboa, que ficará gravada na sua história. De acordo com as últimas informações oficiais fornecidas, 16 pessoas perderam a vida, sendo que duas faleceram durante a noite, já no hospital: as contas assinalam que entre os que morreram na Tragédia da Glória, há oito mulheres, sete homens, e duas vítimas por identificar.

Bombeiros em Lisboa após tragédia no Elevador da Glória, que vitimou 17 pessoas Flash
Bombeiros de Lisboa atuam no local do acidente do Elevador da Glória Flash
Polícia Judiciária investiga tragédia no Elevador da Glória, em Lisboa, com vítimas e feridos Flash

A primeira vítima mortal já identificada é André Jorge Gonçalves Marques, o guarda-freio da Carris, que tinha 40 anos e deixa dois filhos. Fazia há anos aquele percurso, estava confortável com o trajeto e, na hora do adeus, é descrito por muitos como alguém afável, sempre pronto para brindar os turistas com um sorriso. A segunda será um homem de nacionalidade alemã, pai de uma criança de 3 anos, que protagonizou um dos momentos mais dolorosos da tragédia. Entre o pânico generalizado, o choro desta criança não passou despercebido a um dos primeiros polícias a chegar ao local. Conta-se que este homem, de 45 anos, não largaria mais a criança, cujo pai não resistiria aos ferimentos, sendo que a mãe, grávida, se encontra hospitalizada.

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Soube-se, entretanto, que quatro das vítimas mortais eram funcionários da Santa Casa da Misericórdia. Há ainda três feridos e desaparecidos entre elementos da instituição. Ao todo, encontravam-se 38 pessoas de várias nacionalidades, entre portugueses, alemães, espanhóis, um sul-coreano, cabo-verdiano, canadiano, italiano, francês, suíço e marroquino. Os feridos foram transportados para cinco diferentes hospitais da Grande Lisboa, sendo que é no Hospital de São José que se encontram os mais graves, cinco. Os feridos têm entre os 24 e os 65 anos.

Depois da tragédia, o Governo decretou um dia de Luto Nacional e o presidente da Câmara de Lisboa três. Na sequência, foi também suspensa a circulação  dos elevadores da Bica, da Lavra e da Graça, enquanto se apura o que terá acontecido para o cabo se ter quebrado, sendo que já muitos apontam o dedo à frágil manutenção do Elevador da Glória.

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Ao 'Observador', Manuel Leal, dirigente sindical da Fectrans e do STRUP, garantia que funcionários da Carris já haviam reportado à empresa a “falta de tensão do cabo de sustentação do elevador”, o que provocaria “dificuldade no próprio sistema de travagem”. No entanto, o presidente da empresa de transportes, Pedro Bogas, assegurava, ao final da noite de quarta-feira, dia 2, que o protocolo de manutenção deste elevador tinha sido “escrupulosamente cumprido”. 

Sabe-se também que desde domingo que houve uma alteração nos contratos de manutenção dos elevadores de Lisboa, uma vez que o contrato que a Carris tinha com a Main (MNTC), iniciado em 2022, havia terminado e o concurso, que tinha sido lançado em abril, foi cancelado no passado mês de agosto. A polémica está a ser investigada, mas a Carris assegura que não houve "qualquer interrupção no serviço de manutenção a estes equipamentos".

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Muito terá de ser agora apurado para verificar o que provocou a tragédia e durante a manhã desta quinta-feira, o perímetro de segurança na zona do acidente ainda se mantinha, com todas as informações a serem recolhidas para apurar as causas e o que falhou para que uma tragédia desta dimensão tivesse ocorrido.

Lisboa acordou com uma sensação de vazio e horror que tão cedo não se irá dissipar, mas que levanta questões prementes que exigem respostas 

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