Uma vida de luxo entre Cascais, Porto e o Mundo! Os segredos de Paula Amorim, a mulher mais poderosa de Portugal, que se impôs nos negócios à revelia do pai
É filha daquele que foi o homem mais rico de Portugal, mas desde cedo que quis vingar por conta própria. Quando abriu o seu primeiro negócio, a Fashion Clinic, pediu um empréstimo sem que Américo Amorim soubesse para não depender do seu dinheiro e hoje orgulha-se de comprar sapatos, relógios a malas de luxo - a sua grande paixão - com a fortuna que construiu. Uma viagem pela vida da nova rainha da Comporta e da mulher mais poderosa de Portugal.
Paula Amorim, de 52 anos, voltou a ser eleita, pela revista 'Forbes', a mulher mais poderosa de Portugal no mundo dos negócios e a verdade é que o seu nome e imagem já estão diretamente associados a 'poder, riqueza e status quo'. O recém-inaugurado restaurante de praia JNcQUOI, na Comporta, é sinónimo disso mesmo. É o espaço da moda, onde toda a gente quer ir e ser visto, que recebeu recentemente Madonna nas suas espreguiçadeiras e se afirma como mais um projeto bem sucedido que Paula desenvolveu por sua conta e risco.
Muitos podem dizer que tudo lhe foi servido de bandeja, pura e simplesmente por ser a filha mais velha de Américo Amorim, a herdeira legítima de todo um império de milhões, assentes na cortiça e na gasolineira Galp, mas quem a conhece sabe que Paula lutou por tudo o que tem. Até porque, até 2012, Américo Amorim, descrente no sistema sucessório que transfere a fortuna dos pais para os herdeiros, ainda não tinha incluído as três filhas no testamento, acabando por o fazer mais tarde. "Tenho 3 raparigas. A minha ideia é que me compete educar as minhas filhas o melhor que sei e posso. Não estou preocupado com heranças. Não há uma sucessão obrigatória na família. A sucessão é aquela que deriva da capacidade das pessoas que sabem gerir uma empresa. A sucessão familiar, à frente das empresas, é um erro histórico. Eu acho que os filhos não têm de ser herdeiros de nada. O mérito é a única forma de se aceder ao poder. A herança é um direito adquirido, que não tem razão de ser, quando as pessoas não têm a capacidade de gerir", disse na célebre entrevista a Maria Filomena Mónica.
Mais tarde, voltaria atrás nas palavras para criar uma 'holding' familiar para gerir os negócios do clã, dirigida rotativamente pelas três filhas, mas já lá vamos pois nessa altura há muito que a mais velha, Paula, já se tinha assumido como a sucessora natural do pai, ao arriscar tudo, à revelia da família, para criar um império que em nada tem a ver com o legado do clã.
PEDE EMPRÉSTIMO PARA A FASHION CLINIC
Se Américo Amorim, nascido em Mozelos, sempre foi a imagem do trabalho, Paula demonstrou desde cedo que estava disposta a seguir os ensinamentos do pai, que volta e meia lhe dizia: "Saiam de Mozelos [sede da Corticeira Amorim]. Lavem a cabeça no mundo. Não se deixem aprisionar pela mentalidade do caldo-verde."
Foi exatamente aquilo que fez ainda jovem, quando a sua imagem já se destacava dos seus pares. Era sofisticada, corria o Mundo, já calçava sapatos de luxo, a sua grande paixão, e começou a desenvolver o interesse pela área da moda que levaria ao seu primeiro grande investimento: abrir a Fashion Clinic - a primeira loja em Lisboa a vender marcas como Balenciaga, Balmain, Christian Louboutin, Dior, Fendi, Givenchy, Dolce & Gabanna, Gucci, Prada, Saint Laurent, Tom Ford ou Valentino. Foi em 2005 altura em que, sem o conhecimento e à revelia do pai, pediu um empréstimo ao banco para concretizar o seu sonho, o que a empoderou e lhe abriu portas ao mundo do luxo, no qual viria a fazer carreira - a Amorim Luxury detém atualmente, além da Fashion Clinic, quatro restaurantes da cadeia JNcQOUI e prepara a inauguração do primeiro hotel na Avenida da Liberdade que será o pontapé de saída para um novo império hoteleiro. "O respeito que tenho pelo meu dinheiro, pelo dinheiro da minha mãe e do meu pai é o mesmo. É dinheiro de alguém que trabalha. Compro tudo com o meu dinheiro. Sou auto-suficiente desde que tenho a Fashion Clinic", afirmou, orgulhosa, à 'Máxima', não revelando, no entanto, como o fazia. Mas os mais próximos dão conta de que relógios de luxo, roupa das melhores marcas e as famosas malas Birken estavam entre os estragos mais frequentes na conta bancária.
Foi das poucas entrevistas que deu. Tal como o pai, é discreta, avessa ao mediatismo. As suas redes sociais são privadas e é através do Instagram do seu segundo marido, Miguel Guedes de Sousa, seu parceiro na vida e nos negócios, que colocou como CEO da Amorim Luxury, que vamos tendo, aqui e ali, alguns vislumbres do que é a sua vida pessoal, assente entre a mansão de Cascais, a do Porto e o Mundo, entre viagens a título profissional e pessoal.
"Resolvo muitas coisas com dinheiro. Mas não resolvo com dinheiro o ter de ir para Milão e os meus filhos ficarem em casa a chorar por mim. Mais do que tudo: é um luxo ter tempo para estar com os meus filhos", confidenciava Paula na mesma entrevista à 'Máxima', quando os filhos ainda eram pequenos. Falava então dos filhos mais velhos, fruto do casamento com o primeiro marido, Rui Alegre, que chegou a ser braço-direito de Américo Amorim antes do divórcio.
"Resolvo muitas coisas com dinheiro. Mas não resolvo com dinheiro o ter de ir para Milão e os meus filhos ficarem em casa a chorar por mim. Mais do que tudo: é um luxo ter tempo para estar com os meus filhos", confidenciava Paula na mesma entrevista à 'Máxima', quando os filhos ainda eram pequenos. Falava então dos filhos mais velhos, fruto do casamento com o primeiro marido, Rui Alegre, que chegou a ser braço-direito de Américo Amorim antes do divórcio.
Em 2012 viria a casar-se pela segunda vez, com o empresário Miguel Guedes de Sousa, que conheceu em Marrocos, no luxuoso hotel de Amenjena, Marraquexe, onde este trabalhou como director-geral. Anos mais tarde, em 2021, concretizariam o sonho de ter um filho em comum com recurso a uma barriga de aluguer, através de uma clínica nos Estados Unidos.
A SUBIR NUM MUNDO DE HOMENS Paula Amorim, assim como as irmãs, Marta e Luísa, tiveram de provar por conta própria o seu talento para os negócios. Durante muito tempo, estiveram na retaguarda, afastadas da liderança do império familiar, com Américo Amorim a rodear-se de homens na gestão, tendo nos genros, nos sobrinhos e outros familiares os seus braços-direitos. Foi em 2011 e numa altura em que a saúde de Américo Amorim já causava preocupação que Paula se afirmou como a sua sucessora natural ao assumir o cargo de vice-presidente do grupo Américo Amorim. Pouco antes da morte do pai, viria também a tomar o lugar deste nos comandos da Galp, tendo o seu trabalho sido uma escalada de sucesso. Os números falam por si e só em 2022 a petrolífera obteve lucros de mais de 800 milhões de euros, enquanto o grupo Amorim encaixava 250 milhões com a venda da sua participação de 10 por cento na marca de luxo Tom Ford.
A SUBIR NUM MUNDO DE HOMENS
Paula Amorim, assim como as irmãs, Marta e Luísa, tiveram de provar por conta própria o seu talento para os negócios. Durante muito tempo, estiveram na retaguarda, afastadas da liderança do império familiar, com Américo Amorim a rodear-se de homens na gestão, tendo nos genros, nos sobrinhos e outros familiares os seus braços-direitos.
Foi em 2011 e numa altura em que a saúde de Américo Amorim já causava preocupação que Paula se afirmou como a sua sucessora natural ao assumir o cargo de vice-presidente do grupo Américo Amorim. Pouco antes da morte do pai, viria também a tomar o lugar deste nos comandos da Galp, tendo o seu trabalho sido uma escalada de sucesso. Os números falam por si e só em 2022 a petrolífera obteve lucros de mais de 800 milhões de euros, enquanto o grupo Amorim encaixava 250 milhões com a venda da sua participação de 10 por cento na marca de luxo Tom Ford.
Era o triunfo de uma mulher discreta, com o 12º ano e a frequência do curso de Gestão Imobilária, que subiu a pulso num mundo de homens, onde sempre se quis impor por conta própria. "Eu não tenho grandes fórmulas de gestão. Sou muito mais adepta do trabalho do que da gestão. Aposto na galvanização das pessoas, que são o mais importante do negócio", disse em entrevista à 'Exame'. Mais tarde, falaria também humildemente sobre os seus parcos estudos para demonstrar que era muito mais importante ter aprendido e bebido os ensinamentos do homem que, além de seu pai, aprendeu a admirar como um ídolo. "O meu pai foi o meu mentor, a minha referência empresarial e o meu MBA. Começámos a trabalhar juntos quando eu tinha apenas 19 anos. Aprendi muito com ele e uma parte do que sou a ele o devo."Atualmente, o seu CV reflete este crescimento. É presidente da Galp e da Amorim Luxury e vice-presidente da holding familiar que controla o negócio da cortiça. Na lista dos mais poderosos de Portugal, elaborada pelo Jornal de Negócios, surge este ano na 13ª posição, um lugar à frente do primo, António Rios Amorim, que detém parte da 'holding' para gerir os negócios da família Amorim e tomou conta da Corticeira. FORTUNA GERIDA EM FAMÍLIA
Na lista dos mais poderosos de Portugal, elaborada pelo Jornal de Negócios, surge este ano na 13ª posição, um lugar à frente do primo, António Rios Amorim, que detém parte da 'holding' para gerir os negócios da família Amorim e tomou conta da Corticeira.
FORTUNA GERIDA EM FAMÍLIA
Em 2020, Marta Amorim assumiu a presidência da holding Amorim, substituindo Paula, num sistema de rotatividade familiar, que mais tarde dará a liderança a Luísa, a irmã mais nova, que é a alma de outro negócio da família, no setor do vinho.
A mãe, Maria Fernanda, fica na retaguarda dos negócios, mas ainda assim é o seu nome que consta das listas elaboradas pela Forbes, que enumeram os mais ricos do Mundo. Em 2022, foi a única portuguesa a constar do ranking, aparecendo na 567ª posição, com uma fortuna avaliada em 4,3 mil milhões de euros, assentes na Corticeira Amorim, da participação na Galp, detendo ainda participações em instituições bancárias em Portugal e no Brasil e tendo ainda negócios no ramo imobiliário.
Milhões que sempre foram mantidos discretamente no seio de uma família, que nunca gostou de exibir luxos, mas sim seguir a máxima de um homem que vivia para o trabalho.
TERCEIRO FILHO AOS 49 ANOS
Foi em 2021 que Paula Amorim e o marido decidiram embarcar numa viagem até aos Estados Unidos para concretizarem o desejo de terem um filho em comum.
Na altura, e aos 49 anos, a empresária já não conseguiu engravidar de forma natural, pelo que decidiu recorrer à gestação de substituição. "Não vou esconder. Fui mãe aos 49 anos, foi uma gravidez de substituição, foi nos Estados Unidos. A minha idade não me permitiu ter uma gravidez eu própria, o meu marido tinha um desejo profundo de ser pai, ele não tinha filhos e é uma alegria. Não foi uma decisão fácil porque já estava com 49 anos e numa fase da minha vida com enormes responsabilidades, em que ter um filho era uma coisa séria. Mas hoje – até porque os dois filhos já não estão em casa – ter o Manuel em casa é uma felicidade e uma luz. Acho que rejuvenesci. Estou muito, muito feliz", explicou a empresária, que tem mais dois filhos, de 21 e 24 anos do anterior casamento.
Na altura, Paula abriu uma exceção para falar sobre a família de que tanto se orgulha, mas que prefere manter resguardada, longe dos holofotes, tal como aprendeu com o pai, cujo exemplo tenta agora honrar na vida e nos negócios.