Cristiano Ronaldo dá poucas entrevistas pessoais, resguarda-se, maioritariamente, na intimidade, o que faz com que, quando abre uma exceção, seja um momento que suscite grande curiosidade. Recentemente, voltou a escolher o amigo, o conhecido jornalista britânico Piers Morgan, para uma conversa intimista em que abriu o coração e tocou em vários pontos importantes, mostrando-se, no fim de contas, com sonhos e desejos iguais ao comum dos mortais, até porque, aos 39 anos, admite, está cada vez menos ligado a coisas materiais e a focar-se naquilo que interessa.
"O dinheiro dá oportunidades para ter coisas materiais, o que é bom, mas estou num momento da minha vida em que não quero saber mais disso. Quero viver o meu próximo capítulo sem custos, digamos assim. Quando tinha 20/30 anos, gostava de carros. Não tenho agora essa paixão. Comprei um avião porque não sou normal, não posso estar nos aeroportos. Mas não procuro mais isso. Depois dos 40, começas a viver a vida...", fez saber, admitindo que, no passado, nem sempre foi assim.
A paixão por carros levou-o a fazer grandes investimentos e diz que terá perto de 40 na sua garagem de Madrid, no entanto admite que é muito raro conduzi-los, principalmente desde que se mudou para a Arábia Saudita, onde o trânsito infernal o leva a arredar-se do volante. "Nunca conduzo. Estive uma semana em Madrid e nem fui à garagem ver os carros. Os carros já não são uma paixão. Não conduzo muito na Arábia Saudita porque treinamos à tarde e o trânsito é terrível. Ontem, recebemos um carro novo e voltei para casa com o meu novo BMW."
Apesar de assumir que gostou de entrar para a lista de bilionários, garante que é hoje muito mais focado naquilo que interessa, numa mudança para o qual terão contribuído as conquistas, mas também os dissabores da vida, como o momento em que perdeu um dos filhos gémeos, Angel, que esperava com Georgina Rodríguez.
"Sinto que sempre nos apoiámos. Os bons e maus momentos fazem parte. Nesse momento consolidámos mais a relação. Mas mesmo nos momentos mais difíceis tens de tornar as coisas suaves. Tens de tentar encontrar o equilíbrio. Foi uma coisa que aprendi, foi difícil, mas aprendi muitas coisas. Vi outras perspetivas da vida. A minha filha que tem agora 3 anos é a rainha da família, é quem faz a casa mais feliz. As coisas acontecem por uma razão. Estou orgulhoso da minha família."
Um orgulho que o leva a querer mais e lhe deu certezas de que este era o momento certo para o passo seguinte na relação com Gio: pedi-la em casamento, num enlace que deverá acontecer "depois do Mundial, com o troféu". No entanto, quem espera uma boda estratosférica, desengane-se, pois a modelo quer algo mais recatado. "Ela não gosta de grandes festas. Gosta de coisas privadas. Vou respeitar as suas decisões", disse, adiantando que, apesar de ter oferecido um espetacular diamante à companheira, esta nem ligou ao anel.
"Não quis saber do anel. Perguntou-me se estava a dizer a verdade e eu disse que estava a ser honesto. Ela não queria acreditar. Não chorei, mas tinha lágrimas nos meus olhos."
O FIM DA CARREIRA E A DECISÃO SOBRE DIOGO JOTA
Aos 40 anos, o tema há muito que está em cima da mesa: para quando um afastamento de Cristiano Ronaldo dos relvados? Ele admite que esse dia não tardará em chegar, mas que se tem vindo a preparar para esse momento. Quando se reformar, garante, quer ser mais presente na vida da família e especialmente acompanhar a juventude de Cristianinho, com os desafios inerentes.
"Nada vai ser comparado à adrenalina de marcar um golo. Mas tudo tem um fim. Acho que vou estar preparado. Vou ter mais tempo para mim e para a minha família. Quero acompanhar os meus filhos, o Cristianinho está num momento em que faz coisas estúpidas, o que é normal. Quero ser uma pessoa mais presente e ter os hobbies. Gosto de padel. Quero aprender mais sobre as minhas empresas", confidencia, admitindo, no entanto, que o dia em que deixar os relvados vai ser duro.
"Vai ser difícil, vou chorar. Choro com muita facilidade. Sou honesto. Vai ser muito difícil, mas preparo o meu futuro desde os 25 anos. Acho que vou ser capaz de lidar com essa pressão."
Na entrevista a Piers Morgan, CR7 abordou ainda a polémica de quem o criticou por não estar presente nas cerimónias fúnebres de Diogo Jota, mostrando as suas razões.
"Duas coisas. As pessoas criticam-me muito, não quero saber. Quando tens a consciência tranquila, não tens de te preocupar com aquilo que dizem. Depois da morte do meu pai, nunca mais estive num funeral. E onde eu vou é um circo. Não vou porque, se for, a atenção vai para mim e não quero isso. Não gosto de quando passas por um momento sensível e estás a dar entrevistas... a falar dele, a falar de futebol. O que é isto? Isto mostra como a vida às vezes é um circo. Não quero fazer parte desse mundo. As pessoas podem continuar a criticar, mas senti-me bem com a minha decisão. Não preciso de estar na primeira fila. Estava a pensar na família dele, não preciso de estar lá à frente para verem o que estou a fazer. Faço atrás das câmaras. Fizeram uma grande propaganda, mas tudo bem, eu percebo. Se queres aproveitar um aniversário, não me convides".
Durante a conversa, o craque do Al Nassr deu ainda nas vistas por ter dito que gostaria de conhecer e se sentar à mesa com Donald Trump. "É um dos que pode ajudar o mundo. É uma das pessoas mais importantes – o presidente dos EUA. Se nos pudermos ajudar uns aos outros… porque eu juro Piers, eu não posso ver televisão. Eu não vejo, juro, não consigo. E este é um dos homens que eu quero conhecer. Se eu tiver oportunidade”, diz, para de seguida continuar.
“Faz acontecer ou diz-lhe que um dos homens com quem gostava de conversar é ele, Donald Trump. Gostava mesmo de me sentar a conversar com ele porque é uma das pessoas de quem eu gosto porque, é das pessoas que faz as coisas acontecerem e eu gosto de pessoas assim.”
