
Aos 37 anos, Cristiano Ronaldo vê o seu futuro próximo banhado em incerteza depois de um ano atribulado, tanto a nível pessoal como profissional, não obstante os planos que já começou a gizar para quando sentir que é a altura certa para pendurar as chuteiras.
Para além da pressão inerente ao seu percurso enquanto futebolista, o internacional português tem tentado ao máximo conjugar as suas responsabilidades nas quatro linhas com o apoio à sua família que, como se sabe, passou por tempos difíceis, após o falecimento durante o parto de um dos gémeos que esperava poder vir aumentar o agregado.
O PRÓXIMO PASSO
Com o Manchester United fora da Liga dos Campeões, os rumores de que Cristiano Ronaldo não quer continuar com o emblema dos ‘red devils’ ao peito tornaram-se especialmente intensos durante as férias do astro em Maiorca e subiram ainda mais de tom quando, alegando motivos familiares, o madeirense não regressou para junto dos seus colegas de equipa, durante os primeiros estágios de pré-temporada.
Os elevados encargos salariais para um clube que prossiga com a sua contratação poderão ser contudo demasiado pesados para praticamente todas as equipas. Bayern de Munique, Chelsea, Barcelona, Atlético de Madrid, Sporting foram algumas das equipas apontadas ao capitão da seleção nacional, mas até à data de escrita deste texto, nenhuma das hipóteses alcançou consideráveis probabilidades de se materializar. Aliás, esta quinta-feira, o jornalista Ben Jacobs referiu que Jorge Mendes já informou os clubes que Cristiano poderá baixar o seu salário em 30% para agilizar o início de um novo desafio.
Se, por um lado, o novo treinador do Manchester United, Erik ten Hag, já frisou por várias ocasiões que não está interessado na saída de Ronaldo e que está ansioso por trabalhar com o português, por outro, uma intervenção do polémico apresentador britânico Piers Morgan, que afirma ter privado com Ronaldo, na estação de rádio TalkSport, fez transparecer o oposto: "Acho muito improvável o Cristiano Ronaldo jogar mais um jogo pelo Manchester United, eu creio que ele já seguiu em frente, mentalmente", começou por dizer.
"Não vou dizer aquilo que dissemos um ao outro, mas como disse de início, não acho que o Ronaldo sinta que o Manchester United partilhe as suas ambições. As contratações, o empenho que mostraram, a falta da ‘Champions’… se fosses ele e quisesses ganhar troféus importantes tens de pensar se o vais conseguir no United", frisou Piers ao entrevistador.
UM ANO NA 'MONTANHA RUSSA': DAS TRISTEZAS ÀS VITÓRIAS
Tudo isto acaba também por ser uma consequência da temporada menos feliz do Manchester United, ainda que o seu número 7 até tenha cumprido as expetativas, tendo sido o 3.º melhor marcador da liga inglesa. No entanto, a supramencionada ausência da ‘Champions’ e o desempenho coletivo desapontante terão sido os fatores decisivos para Cristiano Ronaldo considerar seriamente a saída do clube. O capitão da seleção nacional está atualmente ausente dos trabalhos de pré-temporada da formação de Manchester, tendo-lhe sido atribuída uma autorização com fim indeterminado por motivos familiares.
A dimensão familiar da vida de Cristiano Ronaldo tem, efetivamente, passado por altos e baixos nos tempos mais recentes. Se de um lado está a elevação de Georgina Rodríguez a estrela da Netflix com a série documental ‘Eu, Georgina’, cujo êxito já justificou uma renovação para uma segunda temporada, do outro está a tragédia da perda de um dos gémeos que a modelo espanhola e Cristiano Ronaldo esperavam, durante o parto, algo que levou o futebolista a ausentar-se para prestar apoio à companheira. Ainda que não amenize a dor, o par recebeu o novo elemento, a pequena Bella Esmeralda.
Ainda na sua vida pessoal, destaque para o arquivamento da acusação de violação de Kathryn Mayorga, por motivos técnicos: não chegando a uma conclusão acerca da veracidade das alegações sobre os acontecimentos de 2009 em Las Vegas, a juíza Jennifer Dorsey colocou um ponto final na disputa judicial por considerar inapropriadas as ações do advogado de acusação, Leslie Stovall, ao recorrer a documentos confidenciais roubados, vazados na opeação ‘Football Leaks’, com envolvimento de Rui Pinto, e nos quais estavam descritas alegadas comunicações entre Cristiano Ronaldo e os seus advogados. Este desfecho faz igualmente com que o jogador internacional português possa ver nos Estados Unidos uma porta aberta para futuros negócios.
A (CADA VEZ MAIS CARA) MANSÃO DE CASCAIS
Futuro esse que irá incluir a mansão que está atualmente em processo de construção na Quinta da Marinha, em Cascais, que se especula ser o local eleito por Cristiano Ronaldo para a sua reforma. Trata-se de uma luxuosa propriedade, cujo desenvolvimento está a cargo de Vítor Vitorino, com garagem para 30 carros, quatro suítes, spa, sala de cinema, duas piscinas – uma exterior e outra interior – e dois anexos, de acordo com notícias recentemente veiculadas pela revista ‘Sábado’ e pelo ‘The Sun.’
O projeto não tem corrido de forma totalmente pacífica, dado que o valor da casa aumentou significativamente em relação ao que estaria contabilizado. Será um custo de mais 12 milhões de euros do que o montante inicialmente calculado, situando-se num total de 20 milhões, com o incremento a dever-se à inflação das matérias-primas, devido à crise económica provocada pela pandemia de covid-19 e pela invasão russa à Ucrânia.
A família de Cristiano Ronaldo também parece ter começado a tentar aclimatizar-se a Portugal, dado que Georgina Rodríguez foi vista em público em Lisboa, por duas ocasiões. É igualmente na capital portuguesa que está situada a ‘penthouse’ na Rua Castilho, que deu muito que falar devido à já demolida marquise.
É possível, assim, concluir que o madeirense está a projetar os seus anos fora do futebol de forma cirúrgica. Falta apenas saber que relvados pisará Cristiano Ronaldo a partir deste verão.