No dia 27 de agosto de 2021, Cristiano Ronaldo era anunciado como novo reforço do Manchester United. O regresso a onde havia sido feliz, depois de um ano de menor êxito desportivo em Itália, levava os fãs do astro português a sonhar com uma epopeia, onde os ‘red devils’ impulsionados pela ambição do seu número 7 conseguissem voltar a um tempo de glória que lhes escapava há quase uma década.
Passou-se um ano e nada do que havia sido idealizado pelos responsáveis do emblema inglês se acabaria por concretizar: o Manchester United não só ficou longe da luta pelo campeonato que havia sido ambicionada, como nem sequer conseguiu o bilhete para a Liga dos Campeões, competição máxima do futebol europeu que, como se sabe, foi, durante toda a carreira, o principal desiderato de Cristiano Ronaldo.
A adicionar a isto, CR7 passaria por momentos complicados a nível pessoal, devido à perda de um dos gémeos que Georgina Rodríguez aguardava, que provavelmente não ajudou o português a reverter a espiral negativa na qual se encontrava o seu clube, apesar de até ter alcançado um bom registo a nível individual – foi o 3.º melhor marcador da liga inglesa, com 18 golos – perceção ajudada, refira-se, pelo menor sucesso do seu "rival" Lionel Messi, em Paris.
Verdade é que à data de escrita deste texto, o avançado de 37 anos falhava os primeiros treinos de pré-época do clube, alegando motivos pessoais, entretanto confirmados por um ex-colega de equipa, que o levaram a refugiar-se em Lisboa. Na realidade, adensam-se os rumores de que Cristiano está atualmente à procura de um novo pouso, auxiliado por Jorge Mendes, com alguns destinos a terem emergido como os mais prováveis.
CANSAÇO COM FALTA DE ATITUDE DOS COLEGAS?
Em janeiro, após a chegada do treinador interino Ralf Rangnick, Cristiano Ronaldo enviou um recado ao resto da sua equipa, descontente com a atitude dos seus companheiros que, a seu ver, constituía um obstáculo fundamental ao sucesso da equipa: "Não é fácil mudar a mentalidade dos jogadores, a forma como eles jogam, o sistema e a cultura dessa forma. (…) O sistema é importante, os pormenores fazem a diferença, mas a coisa mais importante é a mentalidade, ser-se forte, ajudar a equipa, ter a mentalidade certa", disse à Sky Sports.
"Se eu te dou conselhos, e não implementas isso durante o teu quotidiano, é difícil. Eu lembro-me quanto tinha 18, 19 e 20 anos, alguns jogadores mais velhos falavam comigo, e eu pensava que era altura de melhorar, porque eles já tinham passado por mais que eu. Mas outros, não o aceitam, se o criticares, não digo isso em relação aos nossos jogadores, mas no geral", afirmou, em declarações que foram por alguns interpretadas como uma crítica às fações menos experientes do plantel – efetivamente, atletas como Marcus Rashford e Jadon Sancho, de quem havia altas expetativas, desiludiram, enquanto outro jovem do clube, Mason Greenwood, foi mesmo afastado após ter sido detido por suspeitas de violência doméstica e violação.
É importante igualmente relevar que o próprio Ronaldo foi criticado por alguns comentadores desportivos no Reino Unido por não ser capaz de pressionar tanto como exigia o sistema do treinador e que isso acabava também por prejudicar a equipa, não obstante a quantidade de golos que marcava.
Durante as semanas posteriores ao final da época, e apesar do anúncio da chegada de um novo timoneiro a Manchester, Erik ten Hag, que inclusive demonstrou o desejo de contar com ele, Cristiano Ronaldo terá voltado a ficar desiludido com a pouca ambição demonstrada pelos responsáveis no mercado de transferências, de acordo com notícias avançadas pela imprensa desportiva britânica. Para tornar as coisas ainda piores, a ausência da ‘Champions’ terá levado a um corte de 25% nos salários de todos os elementos do plantel. Todos estes fatores delineados nos parágrafos acima terão sido decisivos para a cisão entre jogador e clube.
QUEM QUER CRISTIANO RONALDO?
Assim, Cristiano Ronaldo voltou a encontrar-se novamente na mesma situação que no verão anterior, com um par de diferenças: não só o facto de não se ter apresentado aos trabalhos – ao contrário do que fizera no seu fim de ciclo na Juventus, quando até entrou como suplente na primeira jornada do campeonato italiano – levará incontornavelmente a algum antagonismo por parte dos adeptos do Manchester United, mas igualmente a maior relutância por parte dos grandes clubes europeus em investir nos seus serviços.
Se o ano passado terá existido um duelo entre os dois clubes de Manchester – o City, rival citadino do United, sagrar-se-ia campeão – para a aquisição de Ronaldo, este ano tem sido Jorge Mendes a movimentar-se para convencer os emblemas de topo do Velho Continente a contarem com o capitão da seleção portuguesa que, convém referir, quererá estar no auge da sua motivação no Mundial do Qatar, com início em novembro.
O significante salário de Ronaldo será o primeiro entrave a que um acordo possa chegar a bom porto: no regresso a Manchester, isto é, antes da supramencionada redução salarial, o contrato do internacional luso auferia 480 mil libras por semana, aproximadamente 560 mil euros, segundo o ‘The Sun.’ Nesta altura, apenas os elementos do trio de luxo do Paris Saint-Germain – Kylian Mbappé, Lionel Messi e Neymar – terão salários mais elevados no mundo do futebol.
Entre os clubes que foram falados como estando a considerar a sua contratação estão três nomes principais: o Chelsea, o Bayern de Munique e… o Barcelona, sendo que a última terá sido debatida na recente reunião entre Jorge Mendes e o responsável máximo do clube catalão – uma movimentação que não iria ser vista com bons olhos em Madrid, onde tem vários negócios, e que daria azo a comparações "inversas" com o compatriota Luís Figo, considerado um traidor em Barcelona. Oliver Kahn, dirigente dos alemães, já, todavia, terá dado a entender que não irão avançar com um negócio deste género, dado não se encaixar na filosofia do conjunto da Baviera.
Outras possibilidades que já foram avançadas prendem-se com um regresso a terras transalpinas, quer por via do Nápoles, quer por via da Roma de José Mourinho, ainda que ambas sejam consideradas hipóteses mais remotas. Sempre presentes estão os rumores de um retorno ao Sporting, mas, por enquanto, é um cenário que se afigura ainda muito improvável. Real Madrid e Paris Saint-Germain não foram destinos muitos badalados pelas habituais fontes de rumores, mas são outros nomes a não descartar na totalidade.
Sem nenhuma hipótese óbvia na mesa, Cristiano Ronaldo terá muito em que pensar, sabendo-se que, aos 37 anos, está "forçado" a escolher de forma cuidadosa o seu futuro agora que se encontra na derradeira fase da sua carreira longa e polvilhada com um ror de êxitos, que quererá voltar a aumentar na próxima temporada.
