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O amor foi lindo enquanto durou. Ex-eurodeputada Eva Kaili acusada de corrupção põe a culpa no marido, o "mister parlamento europeu". Toda a história

São lindos, poderosos, frequentavam os ambientes mais exclusivos... e agora podem enfrentar a prisão. Detidos por suspeitas de participação num mega esquema de corrupção no coração da Europa, Eva Kaili e Francesco Giorgi respondem às acusações no caso Qatargate.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
15 de dezembro de 2022 às 22:43
Francesco Giorgi
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Francesco Giorgi
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Eva Kaili
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Eva Kaili
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Eva Kaili
Eva Kaili
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Eva Kaili, em João Pessoa, no nordeste do Brasil
Francesco Giorgi
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Eva Kaili
Eva Kaili
Eva Kaili
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Eva Kaili
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Eva Kaili
Eva Kaili
Eva Kaili, em João Pessoa, no nordeste do Brasil

A ex-eurodeputada grega Eva Kaili, forçada a abandonar a vice-presidência do Parlamento Europeu, já deixou claro como pretende conduzir a sua defesa das acusações de corrupção, branqueamento de capitais e envolvimento numa organização criminosa: a culpa é do companheiro, Francesco Giorgi, pelo menos foi o que disse o seu advogado, Michalis Dimitrakopoulos, às televisões gregas. 

O responsável tem tido uma semana intensa a preparar a defesa da ex-eurodeputada detida desde sexta-feira, 9, pelas autoridades belgas para interrogatório, que entretanto foi adiado do dia 15 para 22 de dezembro. Em causa está um suposto suborno de um Estado do Golfo Pérsico, que a imprensa europeia acredita se tratar do Qatar, mas também há suspeitas do envolvimento do Marrocos.

A polícia argumenta que Eva Kaili foi "apanhada em flagrante" com enormes quantias de dinheiro, daí a ex-eurodeputada ter sido detida sem poder invocar a imunidade. O seu pai, Alexandros Kaili, um famoso engenheiro de Salonica, na Grécia, também foi detido na sexta-feira a transportar 600 mil euros numa mala. O companheiro de Eva, sabe-se agora, já estava a ser alvo desta investigação, a Qatargate, em curso desde fevereiro de 2021. E a polícia também revelou ter encontrado 150 mil euros em notas no apartamento de Eva em Bruxelas, guardados dentro de sacos. 

O dinheiro "pertence ao companheiro dela e vem de uma ONG de África", comentou o advogado Michalis Dimitrakopoulos em entrevista à 'CNN' grega na terça-feira, 13. Quando questionado sobre como o dinheiro foi parar à casa de Eva Kailis, o representante respondeu: "Olhem para os italianos", disse, a tentar implicar o companheiro de Eva, Francesco Giorgi, bem como outros italianos suspeitos no caso. 

"O dinheiro não caiu de paraquedas, mas apenas o companheiro dela pode dar uma explicação [...] Não foi cultivado e não há árvores de dinheiro para aparecer de repente na casa. O dinheiro foi encontrado em casa e a pessoa que o colocou lá foi o marido dela, ou parceiro", disse. 

Já à revista grega 'Lifo', o advogado relatou o que ouviu da sua cliente. "A posição dela é que o dinheiro encontrado na sua casa é do seu parceiro, ela não tinha a menor ideia. Quando a existência do dinheiro passou a ser conhecida - sem que ela soubesse a sua origem -, ele disse-lhe que pertencia a outra pessoa. Não posso dizer o nome", afirmou. 

"Ela é inocente, não tem nada que ver com este dinheiro, nem o seu pai", sublinhou o advogado. 

Michalis Dimitrakopoulos argumentou ainda que o Qatar "não tinha razões para dar o dinheiro como suborno à senhora Kaili, porque quando ela foi ao Qatar foi como representante do Parlamento Europeu [PE]. A senhora [Roberta] Metsola, a presidente do Parlamento Europeu, enviou-a, ela não foi de iniciativa própria".

Eva Kaili com Ali bin Samikh Al Marri, ministro do Trabalho do Qatar
Eva Kaili com Ali bin Samikh Al Marri, ministro do Trabalho do Qatar Foto: Cofina Media

Eva Kaili esteve no Qatar no mês passado para reunir-se com o primeiro-ministro, Khalis Thani, e os ministros do Trabalho, Ali bin Samikh, e da Energia, Saad Al-Kaabi. Ao regressar a Bruxelas, a então vice-presidente do PE fez um discurso com fortes elogios à "transformação histórica de um país, com reformas que inspiraram o mundo árabe". 

AS MUITAS HORAS DE DECLARAÇÕES DO COMPANHEIRO DE EVA 

Francesco Giorgi, companheiro de Eva Kaili há cerca de dois anos, já começou a ser interrogado pelas autoridades, mas parece que nem mesmo a polícia estava preparada para tudo o que o assistente parlamentar tem a dizer. O longo interrogatório deverá levar as autoridades a expandir as investigações a outras pessoas, nomeadamente os eurodeputados Andrea Cozzolino e Marc Tarabella.  

De acordo com o 'La Repubblica', as primeiras páginas do interrogatório já mostram parte do caminho que o dinheiro fazia: "As ONG? Precisamos delas para fazer o dinheiro movimentar-se", disse Francesco. As principais ONG em causa neste momento são a Sem Paz Sem Justiça, dirigida por Niccolò Figà-Talamanca, e a Fight Impunity, fundada pelo ex-eurodeputado Antonio Panzeri, com quem Francesco começou a carreira, e que também foi detido na semana passada, tal como a sua mulher, Maria Dolores Colleoni, de 67 anos, e a filha, Silvia, de 38. Panzeri foi encontrado com 600 mil euros em casa.

SACRIFÍCIO PELA FILHA 

Esta quinta-feira, 15, ficou mais claro como o interrogatório de Francesco é determinante para se perceber o esquema. Os jornais 'Le Soir' e 'La Repubblica' revelam que o assistente parlamentar confessou o seu papel na "organização" criminosa, e a principal função era de gerenciar o dinheiro vivo (até agora a polícia apreendeu um milhão e meio de euros em notas).

No interrogatório, Francesco apontou o dedo ao seu mentor, Antonio Panzeri, quem lhe ofereceu um estágio em 2009, quando ele tinha 22 anos. Entre 2014 e 2017, o então eurodeputado foi presidente da Delegação para as Relações com os Países do Magrebe (Marrocos, Argélia e Tunísia). Francesco era um dos seus assistentes.

Mas quando Panzeri perdeu as eleições, em 2019, o jovem mudou-se para o gabinete de Andrea Cozzolino, não deixando no entanto o seu mentor, com quem supostamente tem uma dívida moral, noticiou o 'La Repubblica'. Foi quando o assistente passou a cuidar do "dinheiro".

Francesco disse estar arrependido do seu papel na organização, e que nem precisava do dinheiro, por ter um ordenado de 2500 euros. "Farei o possível para que a minha companheira fique livre e possa cuidar da nossa filha de 22 meses", assegurou.

Mas quando Panzeri perdeu as eleições, em 2019, o jovem mudou-se para o gabinete de Andrea Cozzolino, não deixando no entanto o seu mentor, com quem supostamente tem uma dívida moral, noticiou o 'La Repubblica'. Foi quando o assistente passou a cuidar do "dinheiro".

COMO SE UNEM UM DEUS ITALIANO E UMA DEUSA GREGA?

Não faltam títulos sobre a beleza do casal Giorgi/Kaili, que chamava atenção em Bruxelas. De acordo com o 'Corriere della Sera', Francesco, de 35 anos, gosta da fama ligada à sua beleza e arrogância e tem até algumas alcunhas: 'Mister Parlamento Europeu' e o "mais bonito do edifício".

Não se sabe exatamente quando Francesco e Eva se cruzaram. A ex-eurodeputada sempre esteve mais ligada a assuntos da Indústria, Investigação, Energia e Inteligência Artificial. A representante grega inclusive chegou a ser membro em 2016 de uma "Comissão de Inquérito para Investigar Alegadas Contravenções ou Má Administração na Aplicação do Direito da União relacionadas com o Branqueamento de Capitais e com a Elisão e a Evasão Fiscais". 

Eva Kaili foi também membro a Delegação para as Relações com a Península Arábica, em 2019, pouco depois terá conhecido Francesco.

Os dois têm uma relação discreta, não gostam de partilhar pormenores da vida privada da família, têm uma filha de 22 meses, Ariadni, e guardam tempo para os passeios de barcos. É que Francesco Giorgio é apaixonado por vela e pesca. 

Nascido em Abbiategrasso, no norte de Itália, o assistente parlamentar estudou Ciências Políticas na Universidade Estatal de Milão, mas é tudo o que se sabe sobre ele. 

O currículo de Eva Kaili é mais vasto. A ex-eurodeputada de 44 anos há muito que tem uma vida profissional debaixo dos holofotes. Licenciada em Arquitetura, Eva saltou de área ainda no mestrado (Assuntos Internacionais e Europeus), apostando na mesma altura numa carreira na televisão como jornalista no canal grego MEGA. 

Eva chegou ao parlamento grego em 2007, como membro do partido socialista PASOK, onde ficou durante sete anos. Em 2014, mudou-se para Bruxelas, para junto do grupo Socialistas & Democratas. Mas foi em janeiro deste ano que a sua carreira deu o maior salto, a então eurodeputada foi nomeada uma das 14 vice-presidentes daquele parlamento. 

Eva Kaili e a irmã
Eva Kaili e a irmã

As investigações recentes da polícia belga já deitaram por terra estes esforços políticos dos últimos anos: o Parlamento Europeu primeiro destituiu Eva do cargo de vice-presidente. Em seguida, a ex-eurodeputada foi expulsa do Partido Socialista Grego, Pasok-Kinal, ela acabou removida da bancada socialdemocrata no Parlamento Europeu.

Recorde-se que a família direta de Eva Kaili também está a ser visada neste caso e tem os bens congelados, isso inclui a sua irmã, Mantalena, diretora executiva da ELONtech, uma organização focada no impacto das leis nas tecnologias.  

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