- Lei Transparencia - Ficha técnica - Estatuto editorial - Código de Conduta - Contactos - Publicidade
Notícia
Weekend livros

O campeão das vendas está de volta. José Rodrigues dos Santos explica por que razão o seu livro aborda o tema mais perigoso do momento

A China está no epicentro do novo romance de José Rodrigues dos Santos, que tem tudo para se tornar um dos best sellers deste natal. À Weekend, o jornalista da RTP explica o que o levou a este tema. Uma entrevista para fãs e para perceber melhor o jornalista-escritor.
Por Rui Teixeira | 30 de novembro de 2022 às 23:51
José Rodrigues dos Santos Foto: Cofina Media

Já estava com saudades da sua personagem Tomás Noronha?

Saudades, não direi. Nunca o larguei. E tenho planos para ele. Em 'A Mulher do Dragão Vermelho' vão-lhe acontecer coisas que surpreenderão os leitores e com um final que lança as aventuras futuras em direções inesperadas.

pub

Não há uma grande tradição de heróis recorrentes na literatura portuguesa. Ainda consegue olhar para a personagem e surpreender-se?

Por vezes parece que o Tomás adquire vida própria, mas isso não passa de uma ilusão. Sou sempre eu quem lhe dá vida.

Neste livro ele vai tentar salvar a mulher, raptada. Uma situação pela qual o José nunca passou, mas quanto há seu em Tomás Noronha? Olha para ele como uma projeção de alguém que gostava de ser?

pub

O Tomás Noronha não sou eu ou pelo menos não é minha intenção projetar-me nele. Mas é evidente que, mesmo que apenas a um nível inconsciente, ele reflete coisas minhas... ou, se calhar, coisas que eu realmente gostaria de ser.

"O Tomás Noronha não sou eu"

Em 'A Mulher do Dragão Vermelho' há a resposta a uma pergunta muito atual no contexto que vivemos. O que o levou a colocar essa questão e a tentar respondê-la? Será a China mais perigosa do que a Rússia? 

pub

A questão tem resposta evidente na leitura do romance e nasce de dois factos concomitantes: em primeiro lugar, a ideia de escrever um romance sobre os objetivos de dominação da China, e, em segundo lugar, escrevê-lo no contexto da invasão russa da Ucrânia. Com a invasão, as nossas atenções voltaram-se totalmente para a Rússia, mas o que quero sublinhar é que atrás da Rússia esconde-se um ator muito mais dissimulado e perigoso, que é a China. Ou, mais concretamente, o regime comunista chinês. Este regime construiu mais de uma centena de campos de concentração, com entre um a três milhões de presos, instituiu um Estado policial de vigilância orwelliana da sua população, recriou a escravatura, faz perseguições étnicas e usa marcadores raciais para identificar vítimas. Isto em 2022. Pois este mesmo regime é um dos nossos principais parceiros comerciais e tem planos de dominação do planeta. É importante sabermos o que ele esconde para percebermos o perigo que corremos. Está aí a essência de A Mulher do Dragão Vermelho. Usando a ficção, exponho os factos reais sobre a ameaça que o regime chinês representa.

José Rodrigues dos Santos Foto: Flash

Relata no livro situações que são absolutamente chocantes no séc. XXI, como campos de concentração na China. Isto não é pior do que os nazis fizeram?

pub

Não é pior, mas anda perto do nível nazi. Campos de concentração, milhões de prisioneiros, perseguições étnicas, marcadores raciais, Estado policial, ditadura, vigilância da população, opressão da oposição e do livre pensamento, escravatura e práticas que caem sob a definição da ONU de genocídio. Isto é a China de 2022. Hoje. De que nos serve falar mal dos comunistas soviéticos e dos nazis alemães de outros tempos se nos calamos perante o que se passa hoje dentro das fronteiras de um dos nossos maiores parceiros comerciais?

Tem escrito quase um livro por ano, portanto, o de 2023 já deve estar com a página do Word aberta. Teremos mais Tomás Noronha? Até onde pode ir esta personagem?

O Tomás Noronha há de voltar, espero, mas sobre o que vai acontecer não posso ainda dizer nada.

pub

Apesar dos seus livros serem traduzidos em dezenas de línguas, se o José fosse norte-americano já haveria um (ou mais) filmes de Hollywood com o Tomás Noronha? 

Sim, é mais difícil por ser português. Mas o caminho faz-se. Tenho livros que, ao que me dizem, são leitura obrigatória nas escolas do Canadá, da Bélgica e de França. Fui convidado para ser o presidente da Feira do Livro da segunda maior cidade francesa, Marselha, e para ser o Convidado de Honra da Feira do Livro de Toulon. A universidade de Varna na Bulgária abriu um curso de português e o reitor disse-me que isso aconteceu porque os meus romances estavam a despertar grande interesse por Portugal entre muitos búlgaros. Portanto, o caminho vai-se fazendo.

O Codex 632 vai dar uma série portuguesa. Tem acompanhado alguma coisa do que está a ser filmado?

pub

Claro que sim. Até faço uma aparição numa cena, veja lá.

O que pensa do Paulo Pires para ser o seu Tomás?

pub

É perfeito. Quando publiquei o romance, em 2005, e me perguntaram quem era o ator que eu via a fazer de Tomás Noronha, respondi: Paulo Pires. Veja lá as voltas que a vida dá.

Mantém o ritmo de escrever de manhã, 20 páginas por dia? Tem algum método ou ritual que siga?

São 10 páginas por dia em média, embora haja dias em que, pelas mais variadas razões, posso até nem escrever nada. Não tenho nenhum método de escrever a não ser ter coisas para dizer e sentir prazer na escrita.

pub

A sua mulher é a primeira pessoa a quem mostra os seus livros. Já recebeu ‘inputs’ para alterar alguma coisa na parte ficcional de um livro?

Sim, constantemente. Ela ajuda-me a afinar a parte feminina dos romances.

Vai gostar de

você vai gostar de...
pub
pub
pub
pub

C-Studio

pub