
Numa votação que aconteceu no último domingo, dia 23 de março, onde participou apenas 4% da população parisiense, a Câmara Municipal da capital francesa tomou uma decisão algo radical - mas não inédita na cidade - em nome do movimento ambiental e da sua proteção, numa altura em que as conversas sobre as alterações climáticas e os seus efeitos sobem de tom.
Apesar de ter sido muito criticada pela oposição, dez mil lugares de estacionamento, o equivalente a 10% dos atuais lugares, deverão ser eliminados depois de 66% dos eleitores participantes terem votado "sim" à proposta apresentada pela equipa de Anne Hidalgo. Assim, a circulação de automóveis em mais de 500 ruas parisienses ficará interdita, juntando-se a outras três centenas de ruas onde esta regra já se aplica.
Esta questão era vista como prioritária pela Câmara Municipal de Paris que se preparar para enfrentar os efeitos das alterações climáticas. Lamia El Aaraje, responsável pelo planeamento urbano, realçou a forma como estas mudanças irão ajudar na preparação para consequências extremas como grandes ondas de calor, dando aos locais e turistas mais formas de se abrigarem da força do sol, através do cultivo de centenas de árvores.
Porém, a equipa da socialista não apresentou que ruas seriam afetadas, sendo, segundo a Agência Lusa, criticada por isso, mas também pela falta de cuidado pelas áreas verdes já existentes. As acusações de falta de preocupação com os automobilistas e com pessoas de mobilidade reduzida surgem da parte de Aurélion Véron, líder da oposição.
Este referendo ficou marcado pela grande falta de adesão da população parisiense. Em mais de 1,4 milhões de eleitores, apenas 55 mil participaram nesta votação - menos de 5% do total - o que poderá colocar em causa a sua viabilidade.