Luís Osório defende Cristina Ferreira e adensa polémica: "É verdade que há mulheres que se põem a jeito"
Jornalista abordou a recente polémica em torno de um comentário feito por Cristina Ferreira sobre mulher assassinada às mãos do ex-companheiro e palavras prometem adensar o debate.Cristina Ferreira esteve, recentemente, no centro do furacão mediático, depois de ter dito que a mulher morta à facada pelo ex-companheiro em Oliveira do Bairro se pôs, de alguma forma, "a jeito" para que o crime acontecesse.
"Não sei se esta mulher depois do baile entrou num carro com ele, e aí é que se calhar se pôs a jeito para que isso acontecesse. Hoje em dia, é mesmo não confiar em ninguém, nem na pessoa em quem mais gostamos", disse, numa declaração que levaria a uma onda de repúdio nas redes sociais e que faria com que a apresentadora sentisse necessidade de se justificar publicamente. "Na sequência do debate falei dos tempos que correm e de como não podemos já confiar em ninguém. O alerta tinha o propósito da defesa de cada um de nós em relação a desconhecidos ou relações abusivas e controladoras. A frase 'pôs se a jeito' usada, no contexto, tinha tudo menos o propósito de culpabilizar a mulher, aliás o que se pretende é exatamente o contrário", reiterou.
Agora, foi a vez de o jornalista Luís Osório entrar no debate público para defender a estrela da TVI. "É preciso que se diga que teve razão num comentário que quase a condenou ao pelourinho", começou por escrever na sua crónica 'Postalinho', acrescentando uma frase que promete gerar igual polémica. "É verdade que há mulheres que se põem a jeito para que as tragédias aconteçam."
Osório justifica de seguida porque profere tal afirmação. "Não por usarem roupas provocantes – era só o que faltava. Não por desejarem impor a sua vontade – era só o que faltava (...) Também não por terem culpa, são absolutamente inocentes. Mas quando um homem é violento, quando desde o primeiro momento é doentiamente possessivo, quando trata a mulher como se fosse sua exclusiva propriedade, quando humilha e maltrata, quando ameaça (...) quando alguém que namora com uma besta quadrada continua a fazê-lo, quando alguém entra no carro de um homem que constantemente a ameaça por achar que nada de mal irá acontecer… desculpa-me, mas está a pôr-se a jeito."
O jornalista atribui, desta forma, à mulher a culpa por se manter numa relação tóxica e, consequentemente, pelo eventual desfecho que esta possa vir a ter. "Não por poder ser cúmplice do crime ou atenuar a bestialidade do cobarde que tem ao lado. Mas por acreditar em quem não merece. Por prolongar situações por achar que tudo será diferente amanhã. Por insistir no erro quando no seu íntimo sabe que a situação a leva a um beco se saída. Não se pode dar segundas oportunidades a pessoas imprestáveis. Um canalha será sempre um canalha, um cobarde será sempre um cobarde, um homem violento será sempre um homem violento."
Como seria de esperar, a publicação gerou de imediato diversas reações, com diversas mulheres a ressaltarem que o jornalista não está a analisar todas as questões que estão em causa quando um quadro de violência doméstica e a acusarem-no de perpetuar a ignorância.