Sara Norte: da destruição causada pelas drogas às relações tóxicas. "Estou num processo contra os meus monstros"
Atriz passou a sua vida em retrospetiva e, em conversa num podcast, falou sobre os momentos mais delicados por que passou, em que todos os amigos lhe viraram as costas e, ao mesmo tempo, perderia a mãe. Hoje, admite que ainda está a recuperar do luto, mas que conseguiu reerguer o seu caminho.Sara Norte tem um percurso diferente da maioria das pessoas. Filha de atores, começou a representar quando os miúdos da sua idade só se preocupavam com a escola e cedo se deparou também com outro tipo de problemas. Ainda na sua juventude, a mãe, Carla Lupi, começou a ter sérios problemas com drogas, o que a deixou também com menos supervisão parental, até ela própria mergulhar nesse mundo.
Em conversa com Carlos Vidal, no podcast 'O Animal que Ri', Sara Norte recordou o momento em que experimentou drogas, o que na altura estava relacionado com uma tentativa de entender universo que lhe tinha roubado a mãe tal e qual como a conhecia. "Quando eu experimentei droga, eu quis saber o porquê de a minha mãe estar assim, queria saber o que é que aquilo tinha para que a minha mãe, que era calorosa e preocupada, se estivesse a marimbar para nós, porque é que eu comia esparguete com esparguete", confessou, acrescentando que, pouco tempo depois, ela própria estava viciada, o que a levou a um episódio limite, quando teve de cumprir 16 meses de prisão em Algeciras, por tráfico de droga.
"Quando eu saí da prisão, saí uma Sara nova porque quando eu entrei eu estava completamente agarrada e já não era eu. E hoje em dia vivo a vida de outra forma", admite, acrescentando em que no momento em que foi presa deixou de ter um único amigo. "Quando fui presa fiquei sem um amigo e quando tinha dinheiro tinha a casa cheia."
A prisão, além de uma escola de vida, revelou-se a maior tormenta, uma vez que foi quando estava em cárcere que a mãe acabaria por morrer, vítima de cancro do pulmão. A agora comentadora do 'Passadeira Vermelha' não pôde ir ao funeral numa dor maior de vida, que iria voltar a sentir, anos mais tarde, quando perdeu a irmã, de apenas 14 anos, com leucemia. "Foram perdas de que ainda hoje estou a recuperar."
De lá para cá, Sara admite que tem tentado reerguer a sua vida em todos os setores, inclusivamente nas relações sentimentais. "Tive sempre relações muito toxicas e que fizeram com que eu não acreditasse nunca na pessoa com quem estava. Era muito desconfiada, muito ciumenta, porque depois, tendo um padrão, achas que é normal gritar, e com o Vasco (Vala, namorado), eu aprendi que isso não é normal, que é fixe ter paz e tranquilidade", afirma, adiantando que está à procura de um caminho para a sua vida. "Estou num processo contra os meus monstros."