Judite Sousa sobre Miguel Sousa Tavares: "Senti as lágrimas quase a soltarem-lhe dos olhos "
Depois de entrevista a Marcelo Rebelo de Sousa, o jornalista colocou ontem à noite um ponto final numa carreira de 45 anos no Jornalismo. Judite Sousa não ficou indiferente a este adeus.
Miguel Sousa Tavares, de 69 anos, disse ontem à noite, 4 de outubro, um "adeus" definitivo ao Jornalismo. Depois da entrevista que fez ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, colocou um ponto final numa carreira de 45 anos como jornalista. A decisão já havia sido anunciada pelo próprio à revista 'Visão'.
"Vou revelar um segredo: daqui a três semanas entrego a minha carteira profissional de jornalista e deixo de fazer jornalismo. Vou continuar a ter a minha coluna de opinião no ‘Expresso’ – isso, para mim, não é jornalismo – mas acabaram as reportagens, as entrevistas, isso tudo. Ponto final", anunciou à cerca de três semanas à referida publicação.
Judite de Sousa não ficou indiferente a esta despedida: "Nas gavetas da vida, que guardamos no cérebro, vamos acumulando memórias, conquistas e desilusões, alegrias, tristezas e, no limite, tragédias. Neste bullying emocional em que vivemos,onde não temos certezas de nada, estamos mais stressados. E, porventura, mais sózinhos. Próximos e Distantes. Frágeis e Fortes. São as estradas da vida que nos levam a cair, a reerguermo-nos, a recomeçar ou então, agarrados ao coração, a ficarmos a chorar baixinho", começou por escrever.
E continuou: "Lembrei-me destas palavras quando ontem senti a voz trémula e as lágrimas quase a soltarem dos olhos do MST [Miguel Sousa Tavares]. E pensei como é difícil libertarmo-nos de uma profissão que nos está colada à pele e, ainda mais difícil, quando se jogou na roleta da vida, se perdeu tudo".
E terminou, sem falar da sua própria experiência: "Qualquer que seja a adesão à realidade, é à volta das forças e fraquezas nesta era da globalização digital que tenho andado a escrever nestes últimos meses. Não é fácil. A escrita pode ser um exercício de uma forte violência psicológica. Vamos ver", concluiu Judite Sousa.