Mário Jardel com vida em perigo: psicólogos alertam para os riscos do 'BBF'
O ex-craque diz que foi a TVI quem o salvou, mas não explica porquê. Entretanto, chora no confessionário e isola-se no quarto a olhar para o infinito. Quintino Aires e Joana Amaral Dias analisam o seu comportamento.
Mário Jardel, 48 anos, o craque que ficou conhecido dos adeptos de futebol português com o epíteto de "Super Mário", fez uma confissão, na casa do 'Big Brother Famosos', lavado em lágrimas, que tem tanto de inédita como de enigmática: "A TVI salvou-me!". Sem explicar como e por que razão a estação de Queluz de Baixo o tinha salvado, o ex-artilheiro de FC Porto e Sporting tem revelado, ao longo dos dias, um comportamento errático e descoordenado e variações de humor dentro da casa mais vigiada do País.
Para o neuropsicólogo e psicoterapeuta Joaquim Quintino Aires, não existem dúvidas sobre os efeitos nefastos, e a sua manifestação pública, dos consumos reiterados de drogas duras. Sem se querer, por questões éticas, referir ao caso concreto de Mário Jardel, mas falando de um contexto de um consumidor com uma carreira igual à do ex-jogador, o especialista afirma não haver dúvida de que "o consumo continuado de cocaína vai provocando destruição celular aleatória e não reversível do cérebro, gerando alterações cognitivas, mudanças na interação com os outros, na avaliação do que se está a passar, na forma como organizam a fala ao comunicar, e não só das posições do corpo mas das atitudes".
Outro fator importante, e que o psicólogo salienta como sendo um alerta para quem acompanha o programa, seja como técnico ou mero espectador, é o da "harmonia dos movimentos". "As zonas afetadas em que se acumulam as lesões provocadas pelo consumo da cocaína podem, e isso não é de estranhar, condicionar uma marcha limpa, um caminhar limpo. Se se trata de um atleta, obrigatoriamente teria de ter uma marcha limpa, o que poderá não ser observado", remata.
Partindo Quintino Aires do pressuposto científico de que "os compromissos cerebrais são irreversíveis, não se está à espera de grandes alterações do comportamento" e alerta para um outro perigo: "O que vou dizer é muito polémico, mas há, entre os toxicodependentes, uma ilusão de que a crença religiosa, sobretudo nos cultos evangélicos, os vai salvar. Toda a gente sabe que não é assim que a vida funciona. Tapa, mas não cura!"
A psicóloga clínica Joana Amaral Dias relembra o contexto experimentalista deste tipo de reality show e fala em especial dos perigos para um adicto com uma personalidade fragilizada. "Estar fechado numa casa com estranhos é uma situação complexa, tensa e difícil de gerir para qualquer pessoa, mais ainda para uma pessoa com problemas a montante, e daí o 'BB' ser um produto televisivo que vende e tem audiências. É uma situação artificiosa, uma espécie de prisão domiciliária que infelizmente nos dois últimos anos todos experimentámos, com todas as consequências de saúde mental que isso trouxe."
Relembrando que "os BB são experiências de engenharia social e psicológica ao vivo e em direto", a comentadora da CNN Portugal alerta para os riscos inerentes: "É uma situação de alta tensão, de stress psicológico e social, que altera esse equilíbrio emocional e, em pessoas com fragilidades prévias, pode ser dramático, é uma situação que acarreta riscos do ponto de vista do equilíbrio mental." Sempre sem se referir ao caso concreto de Jardel, a psicóloga avança que "à partida, uma pessoa com uma carreira adictiva tem uma estrutura frágil e pode descompensar de várias maneiras: pode ter uma crise psicótica, fazer um acting out, ser agressiva."
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