O pesadelo do almirante Gouveia e Melo: vítima de conspiração em momento de glória
É o nome mais bem colocado para o mais alto cargo da Marinha... mas movimentos de bastidores podem colocar em causa a ascenção do vice-almirante Gouveia e Melo, o homem que meteu ordem na vacinação em Portugal e que se tornou um "herói" nacional.
Numa altura em que vê terminada a sua missão à frente da task force contra a Covid-19, sai com o sentimento de dever cumprido. Deseja regressar à Marinha para revolucionar o ramo das Forças Armadas, mas foi envolvido numa crise entre o Governo e o Presidente da República. Depois de ganhar o Globo de Ouro, o povo quer vê-lo a mandar no País. Este é o tema que faz a capa desta semana da TV Guia.
"Apareci com naturalidade, desaparecerei com naturalidade." A frase é de Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo, 60 anos. Ainda não tinha retirado os seus pertences do gabinete com vista para o mar instalado no antigo edifício do comando naval, em Oeiras, já Gouveia e Melo estava involuntariamente metido numa grande confusão entre o governo e o Presidente da República: a nomeação para chefe de estado maior da Armada.
Segundo revela o jornal 'Nascer do Sol', os dois militares que se encontravam na linha de sucessão, numa manobra para eliminar Gouveia e Melo da lista, enviaram informação enviesada a Marcelo. São eles os vice-almirantes Luís Carlos de Sousa Pereira (chefe da Casa Militar) e Jorge Novo Palma (vice-CEMA).
É na Marinha que Gouveia e Melo pretende passar o resto dos seus dias como militar no ativo. Uma Marinha que pretende revolucionar. Mesmo que diariamente lhe sejam lançadas pontes para uma carreira política. Os portugueses sentem que têm uma dívida de gratidão para com o vice-almirante.
MORTE NO MAR
Religioso, obsessivo e abstémio, Gouveia e Melo pegou no desafio de vacinar Portugal – enfrentando até grupos negacionistas – sem ligar demasiado à sua própria condição física, marcada pelo uso de um pacemaker. Em 2002, sofreu um acidente (um choque elétrico) na Esquadrilha de Submarinos tendo ficado paralisado. Cinco anos depois foi forçado a usar o aparelho que gere os batimentos cardíacos. Nunca mais apanhou um susto e a morte gostava de a encontrar no mar, de preferência em África, onde nasceu. Não sem antes ver cumprido o sonho de ter netos dos seus dois filhos, um médico e um engenheiro naval.