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Quantas vidas salvou Pedro Lima, que há 3 anos deixou um trágico grito de alerta para a depressão (que poucos sabiam estar a enfrentar)

Pedro Lima morreu há 3 anos. O ator enfrentava uma luta interior contra a depressão: tinha apenas 49 anos e o mundo às costas apesar de apararentemente ter tudo.
20 de junho de 2023 às 14:59
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, paulo dentinho Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz
Anna Westerlund, Pedro Lima, homenagem, teatro são luiz Foto: Duarte Roriz

O tempo passa a correr. E já passaram três anos que uma notícia chocou Portugal: Pedro Lima tinha morrido. O ator tinha 49 anos e aparentemente uma vida perfeita: um trabalho almejado por muitos numa altura em que o culto das celebridades é cada vez maior, uma família grande e que o amava, e um físico que continuava a chamar a atenção. O Pedro tinha tudo... menos paz interior. E isso só os seus mais íntimos é que sabiam.

A morte de Pedro Lima apanhou Portugal desprevenido: era quase tabu falar de suicídios na imprensa e as doenças mentais também eram coisas que só se falava entre dentes, longe dos holofotes. E tudo mudou com a morte do ator, um eterno galã que vivia a seduzir, no bom sentido, amigos e fãs.

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Fernanda Serrano, uma das amigas mais íntimas de Pedro, que costumava fazer férias em família com o ator e família, foi surpreendida com o gesto de Pedro, mas Serrano diz que essa tragédia "salvou muitas vidas". 

"Se calhar estou a romantizar um bocadinho, mas, hoje, porque mudei com a decisão que ele tomou, acho que o Pedro salvou-me a vida", disse Fernanda Serrano há dias, no lançamento do livro 'Já não Sou o Que Era Agora Mesmo', que o filho mais velho de Pedro Lima escreveu e que pretende continuar a alertar para os problemas da saúde mental, missão que abraçou depois do que aconteceu. "Daí eu dizer que ele me possa ter salvo, a mim e a outras pessoas. Temos de estar mais alerta! Tento puxar alguma leveza para a minha vida, até nos dias em que não estou assim", garante Fernanda. 

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Tal como Serrano, muitos outros começaram a olhar para a saúde mental com outros olhos, depois da morte de Pedro Lima. E começaram a falar disso em público. António Raminhos é uma das vozes mais intensas nesta luta para que não se esconda o que nos vai na cabeça: "A minha mulher, que me viu, diz que não parecia eu. Estava assustado, desorientado. Naquele momento morri. Estava condenado à morte e sem futuro. Sem saber o que fazer. E ainda estou, muito. Já levo muitos anos nisto e muito trabalho, mas às vezes é como remar com calma e perseverança, e, de repente, vem um tsunami. E isso magoa. Sinto-me triste, revoltado, abandonado, incompreendido e vazio. Os amigos podem dizer que não há problema que a questão até pode ser real, mas está a ser exagerada e o que penso é "o que sabes tu do que vai na minha cabeça?", escreveu em setembro de 2020, pouco tempo depois da morte de Pedro Lima. "Escrevi este post para que não se fechem nos vossos medos. Para que compreendam que há dores que só nós conhecemos, mas que podem ser partilhadas por muitos nas suas mais variadas formas e feitios", acrescentou. 

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E foram várias as personalidades que, depois da tragédia de Pedro Lima, começaram a falar dos seus medos, das suas angústias e a mostrar que a saúde mental é importante. "Há momentos em que o amor não chega’, porque às vezes não chega só dar amor, às vezes é preciso recorrer ao médico, pedir ajuda aos especialistas", dizia há dias Paulo Pires, amigo de Pedro, que está em cena com a peça 'O Filho' até dia 16 de julho. Este espectáculo aborda o tema da depressão na adolescência. "É muito pertinente. Não tendo esta peça o objetivo de fazer serviço público, a verdade é que acaba por cumprir uma função muito boa no sentido de alertar as pessoas, de nos alertar a todos nós, não só para os silêncios e a depressão na adolescência, mas em todas as idades, porque infelizmente pode acontecer em todas as idades", acrescentou. 

Rui Unas, conhecido pelo seu trabalho de humorista, assumiu ter vivido uma depressão. ""Na altura, passei muito mal. Tive uma depressão, foi uma altura muito lixada da minha vida. Hoje quase que encaro as dificuldades, não é que as procure, mas abraço-as. Vou-me puxar", disse, relatando o momento em que perdeu espaço na televisão como apresentador, depois de um desaire de audiências na SIC. Foi obrigado a reinventar-se, mas foram dias de muita dor. 

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A depressão não escolhe idades. Virgílio Castelo também assume problemas de saúde mental . "O grande problema dos atores, e daí ser uma profissão tão difícil, é que, para além da capacidade que se tem de ter de trabalho, de esforço, há também outras questões imprescindíveis: tem de se saber viver em permanente insegurança, e depois tem de se saber lidar com a rejeição. E isso afeta-nos, mais do que se fossemos advogados ou merceeiros, pois, para nós, trabalho e personalidade é a mesma coisa. E isso é complicado, a nível emocional. É por isso que nenhum ator quer parar. Entra-se em parafuso", relatou numa entrevista à TV Guia. "Já entrei em parafuso, depois de ter estado nos bastidores na RTP, entre 2015 e 2018. Felizmente, foi um período curto. Mas tive momentos de sofrer muita ansiedade", acrescentou. 

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Pedro Lima vivia com uma depressão profunda. O ator estava a ser acompanhado mas as circunstâncias criadas pela pandemia e pela incerteza do futuro criaram a tempestade perfeita. O derradeiro grito de alerta de Pedro Lima abriu mentalidades e abriu consciências em Portugal para o grave problema da saúde mental, que pode afetar até quem tem, aparentemente, a vida perfeita. E, por isso, salvou muitas vidas, como diz Fernanda Serrano.

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