
Assinalou-se este domingo, dia 6, o 25.º aniversário da morte de Amália Rodrigues, a mais célebre e influente fadista da história de Portugal, e a primeira grande celebridade internacional a levar o nome do nosso País além-fronteiras.
Se nos palcos Amália cantava o amor e a saudade, também na vida a cantora foi arrebatada por várias paixões que aqui recordamos.
Foi com apenas 16 anos que Amália se apaixonou pela primeira vez. O eleito do seu coração foi o guitarrista amador Francisco da Cruz, que Amália conhecera num concurso de talentos musicais. Apesar da sua tenra idade, os pais de Amália – Albertino de Jesus Rodrigues e Lucinda da Piedade Rebordão – descobriram o namoro e obrigaram os dois jovens a casar. Casaram então em 1940 – tinha Amália 20 anos – mas três anos depois já estavam separados.
"A rejeição é que me marcou neste casamento", viria a dizer a fadista.
Amália entrega-se então à música e vê a sua carreira "explodir" nos anos seguintes. E é precisamente por esta altura que a cantora ter-se-á envolvido com o poderoso banqueiro Ricardo Espírito Santo Silva – herdeiro do BES e amante de cultura e das artes. Um romance secreto – uma vez que o melómano era casado – e que Amália sempre negou, apesar dos muitos rumores.
"Ele tentou comigo o que tentava com muita gente e eu até muitas vezes fui à Igreja para Deus fazer com que eu gostasse dele", disse a cantora. As ligações a Ricardo Espírito Santo Silva eram de resto repudiadas publicamente por Amália, porque havia boatos de que era ele quem "financiava" a sua carreira.
"Diziam que me mandou educar, que me mandou aprender línguas, que me deu mundos e fundos, que era meu namorado. Para essa gente foi ele que me fez artista, foi ele que me deu tudo", lamentou Amália, garantindo: "O Ricardo Espírito Santo gostou de mim, foi meu amigo, amigo até da minha família".
Sendo verdade ou não que foi seu amante, a verdade é que foi Ricardo Espírito Santo Silva que apresentou a Amália aquele que viria a tornar-se numa das suas maiores paixões: Eduardo Vicente Roquette Ricciardi, um tenista – e mais tarde banqueiro – oriundo de uma das famílias mais ricas de Lisboa.
Apesar de também nunca ter confirmado publicamente o namoro com Ricciardi, sabe-se que os dois estiveram juntos durante 8 anos, partilhando até casa. No entanto, o amor não venceu porque, segundo revelou Estrela Carvas, amiga próxima de Amália, a família de Ricciardi não aprovava a relação com a cantora de origens humildes. Amália ter-se-á fartado de viver "escondida" e os dois viriam a separar-se em 1955, mas mantiveram sempre o contacto até à morte de Ricciardi, em 1990.
É durante uma digressão no Brasil que Amália conhece César Seabra, aquele que viria a ser o seu segundo marido. O engenheiro mecânico brasileiro conquista a diva do fado e os dois casam-se a 26 de abril de 1961.
Apesar de Amália e César terem ficado juntos até à morte do calmo e recatado engenheiro, em 1996, a verdade é que os dois não podiam ser mais diferentes. No entanto, a relação trouxe à cantora uma grande estabilidade emocional.
"Claro que não me bate o coração à entrada do César pela porta, porque já sei que ele vai entrar, já conto com isso como certo. Não é aquela paixão de quando se tem 16 anos e se dorme com o retrato do namorado debaixo da almofada. Mas é uma coisa sólida, um sentimento forte. O César é bem-educado, nunca me deu desilusões, nunca me disse aquelas coisas que eu não gosto que digam. Também às vezes não me diz aquelas coisas que eu espero que diga...", disse a fadista sobre o marido.
Amália terá tido também alguns 'affairs' com celebridades internacionais e até membros da realeza europeia; pelo menos rumores não faltavam.
Entre os nomes que circulavam "ao vento" inclui-se o cantor espanhol Julio Iglesias, o cantor francês Charles Aznavour – que confirmou mais tarde o caso amoroso – e o rei Humberto II de Itália.