
Há cerca de um ano, Salvador Sobral ganhou o mais emblemático festival de música do mundo e Portugal ganhou um herói.
'Amar Pelos Dois' – da autoria da irmã de Salvador, Luísa Sobral – tornou-se num hino de dimensão internacional. O músico recorda esse momento inacreditável, quando, de repente, a sua canção tinha milhões de fãs no mundo inteiro.
"Dois dias depois da semi final fui fazer uma operação. quando acordei disseram-me que a canção tinha milhões de seguidores. De repente senti-me o Ronaldo", relembra Salvador.
O músico foi o grande vencedor do Festival da Eurovisão da Canção, que decorreu em Kiev. Salvador foi o primeiro português a consegui-lo e foi recebido em apoteose à chegada ao aeroporto de Lisboa por milhares de fãs.
Uma insuficiência cardíaca grave fazia perigar a vida do músico. Tinha que se encontrar uma coração compatível ou Salvador não sobreviveria à doença.
Em setembro despede-se dos palcos com um concerto no Estoril. "A minha saúde é frágil, tenho um problema, e chegou infelizmente a altura de me entregar o meu corpo à ciência e consequentemente ausentar-me da vida de concertos e de música no geral", anunciou.
O tão urgente transplante de coração aconteceu no início de dezembro. Foram 4 meses internado, "fechado entre 4 paredes".
Agora, Salvador Sobral quebrou o silêncio em entrevista à RTP. "Penso muitas vezes que estou em Paris e um estranho pergunta-me como foi o último ano. Digo-lhe que ganhei o Festival mais incrível do mundo e que fiz um transplante de coração, que fuquei fechado num quarto durante 4 meses. Foi o ano mais díspar que alguém poderia imaginar".
Sobre esta experiência de ter um coração novo, Salvador desvaloriza. "É uma experiência como outra qualquer. É a minha realidade. Tinha este problema e agora está resolvido. Agora é começar a tocar", deseja o músico.
Ter um coração novo não mudou a sua forma de estar na música. "A inspiração está na alma, o coração não tem nada a ver", justifica garantindo que não tem qualquer curiosidade em saber quem foi o dador... pelo menos para já. "Não penso nisso, não tenho vontade de ir à procura".
Esta foi uma operção muito delicada e Salvador confessa que não foi um processo fácil. "Claro que tive medo. Isto influenciou-me de uma maneira muito física. Com a operação e os medicamentos a minha voz ficou mais frágil, mas lá chegaremos", confia.
Salvador Sobral ainda não voltou a cantar depois do transplante – a não ser em breves ensaios como se pode confirmar no vídeo que partilhou recentemente. O regresso está marcado para as ilhas. "Vamos voltar nas ilhas, será um renascimento nos Açores e na Madeira."
Agora, tudo o que mais quer é voltar a cantar, regressar à música, aquilo que o move e lhe dá a força para mover montanhas.