
O Mundial de futebol só termina no próximo dia 15. Mas a eliminação da equipa portuguesa significa que, na prática, já chegou ao fim entre nós. Esse é um dos problemas do investimento televisivo em futebol. Os torneios e as competições só se transformam em eventos capazes de movimentar multidões quando estão envolvidos, ou a seleção nacional, ou um dos principais clubes portugueses.
Como o preço das competições é o mesmo, quer Portugal ganhe, como aconteceu no Euro, quer seja eliminado logo na primeira ou na segunda fases, como aconteceu agora, é cada vez mais difícil fazer contas racionais em redor das grandes competições. A RTP, detentora dos direitos por via da Eurovisão, combateu esta incerteza sub-licenciando a totalidade dos jogos em sinal fechado à Sport TV, e alguns jogos em sinal aberto à SIC. Se a Sport TV joga um campeonato à parte, no qual precisa, imperiosamente, de transmitir estas competições, entre as generalistas a grande vencedora foi, de facto, a televisão do Estado.
O balanço que já se pode fazer da competição indica que a RTP1 aumentou em mais de 10% a sua audiência, atingindo um share mensal, em Junho, de 14,1%. Com o Mundial, a RTP ganhou tempo e conseguiu um patamar de audiência suficiente para a empresa respirar, enquanto o novo diretor, José Fragoso, se ambienta. Já a SIC pagou bastante dinheiro para ficar com os jogos de fancaria, não ameaçou minimamente a liderança da TVI, subiu apenas 1 décima, para 16,1%, no mês, e ficou a apenas 2 pontos percentuais de ser ultrapassada pelo canal 1. Um investimento errado, e sem retorno, em Carnaxide.
Liliana Campos
Enxertar formatos de cabo na generalista tem sido erro infantil de muitos decisores. O cabo tem estética, discurso e até orçamento muito próprios. Agora, a Passadeira Vermelha, da SIC-Caras, está no late-night da SIC. Uma ideia sem sentido, mas que dá antena a um valor injustamente esquecido em Carnaxide.
IrrelevÂncia mais absoluta não há
No dia em que Daniel Deusdado deu uma entrevista para explicar a sua herança à frente da televisão do Estado, a RTP-2 fez 0,9% de share diário! Isso mesmo, 0,9%. Pouco mais de 16 mil espectadores ao longo do dia, um recorde negativo que dá verdadeiro sentido à expressão "canal das minorias". Pior é impossível!
Estreia? mas que estreia?
Há atitudes comunicacionais que mais não fazem que prejudicar a indústria. Segunda- -feira, a Fox-Comedy anunciou a estreia de nova temporada de Uma Família Muito Moderna. Os indefectíveis da série lá estavam, à hora marcada. Afinal, tratou-se apenas da repetição do início da série 9, já estreada pelo canal no dia 1 de janeiro, e depois interrompida sem explicação. Assim fica difícil para o espectador orientar-se...
Nova era na SIC
Com um mínimo de organização e critério de grelha, a SIC pode ultrapassar a atual TVI em 6 meses. Mas, se não fizer essas correções, pode ser ultrapassada pela RTP, e cair para último. Recuperar a liderança até Dezembro é objetivo ao alcance de Daniel Oliveira, o novo chefe da programação da SIC. Lamentavelmente, o início é marcado por um erro grave: manter-se na apresentação de um programa é absurdo. Para Daniel Oliveira, é tempo de deixar o ecrã, ou em menos de nada começará o insuportável desgaste. Ainda vai a tempo de corrigir o arranque.