
O novo director de Programas chega à RTP na melhor altura possível. As audiências do canal 1 e do canal 2 são tão baixas que bastará "trocar umas cassetes", como se dizia antigamente, para que os números comecem a ser melhores.
Além disso, o Mundial está aí à porta. Com essa benesse, José Fragoso ganha tempo para se ambientar, neste seu regresso a casa, e tomar as primeiras medidas.
Fragoso tem três desafios centrais à sua frente: primeiro, fazer uma espécie de renascimento ético do serviço público, recuperando a lisura de processos e afastando qualquer suspeita sobre os negócios da estação pública, mesmo que isso implique deixar, temporariamente que seja, algumas produtoras fora da relação comercial com a empresa; depois, e em segundo lugar, Fragoso precisa de dar mais força e espaço na grelha à informação da casa, desde logo porque se trata do produto mais forte da RTP, e que pode ajudar a melhorar de imediato a performance do horário nobre; finalmente, o terceiro grande desafio é decidir o que fazer com a ficção nacional – desde logo, acabar com as séries despesistas e autistas que têm sido feitas e evitar novelas low-cost, que mais não são do que produtos iguais aos dos privados, só que muito mais pobrezinhos.
Recuperar o estatuto ético do serviço público, valorizar a informação da casa e escolher o caminho para a ficção de serviço público – parece simples, mas já seria deixar um legado imenso nesta sua segunda passagem pela RTP. Que tem tudo para dar certo. A crise da SIC diz-nos que a RTP1 pode, em breve, ganhar outra vez a um canal privado.
REORGANIZAR O DAY TIMEVejamos que RTP está para vir com o novo director de Programas, José Fragoso. Os gastos com as séries deixaram para trás o day time. Agora, é urgente valorizar a Praça e as tardes, e fazer verdadeiro serviço público – antes do mais, um serviço público que sirva para fazer companhia aos espectadores.
VALORIZAR OS MELHORES
Nesta breve análise do que poderá ser a nova RTP de Fragoso, é fundamental olhar para o plantel de apresentadores. Malato não pode estar sub-aproveitado numa estação que dá antena generalista a apresentadores de nicho como Pedro Fernandes ou Filomena Cautela. Dar um sentido global à antena é preciso.
APOIAR A ESTRELA
A RTP aprendeu nos últimos anos que não é possível ter tranquilidade na sua missão de serviço público se esse mesmo serviço público não tiver audiências. Ora, o campeão do serviço público é Fernando Mendes, ele que foi a maior vítima da anterior equipa da direção de Programas, ao ficar isolado e sem qualquer apoio a enfrentar o maior desafio da história d’O Preço Certo. É verdade que Cristina Ferreira e a TVI ganharam, mas agora, se o canal 1 cerrar fileiras em redor do seu ponta-de-lança, uma nova era se poderá abrir neste horário tão importante, de acesso ao Telejornal.
O FUTEBOL É O MAIOR RISCO
O principal perigo para a RTP de Fragoso é o ponto fraco do seu novo director de Programas. Fragoso fez uma carreira ligada ao desporto, mais concretamente ao futebol. Na TVI, como diretor de Programas, a opção pela compra da Champions foi o início da sua perda. Com o tempo, deve ter limado arestas, mas aqui fica o alerta: pejar a RTP de jogos e joguinhos será meio caminho andado para novo desastre.