
Há sete razões para a vitória da TVI em fevereiro. A maior de todas é o dia 25 de setembro do ano passado, dia de estreia de 'Papel Principal', a novela que abriu um abismo no horário nobre da SIC. Ao fracasso juntou-se a crise financeira da Impresa, a segunda razão para o triunfo da TVI. Os orçamentos impediram a SIC de reagir. Parece impossível, mas, cinco meses depois da estreia, uma das piores novelas de sempre da SIC continua no ar. A tempestade perfeita para o canal de Daniel Oliveira chegou com o novo 'Big Brother' – o terceiro motivo para a mudança de líder. O novo 'BB' conquistou definitivamente o horário nobre, e tornou possível reduzir o tempo do jornal das 20 horas do canal – quarta razão para o fracasso da SIC. Na verdade, a TVI não é líder há cinco meses, desde a estreia de 'Papel Principal', por causa da fragilidade do 'Jornal Nacional'. O horário de acesso ao 'prime time' também caiu para a TVI, sobretudo por causa dos erros da SIC, que apostou em 'Morde e Assopra' e na 'Quinta', o que não resultou – quinta razão para o sucesso da TVI. A partir desse momento, nada havia a fazer. A SIC estava perdida. Mas houve ainda mais dois fatores que empurraram a TVI: o namoro de Cristina Ferreira, sexta causa da vitória de Moniz. Essa narrativa do amor reconciliou o público com Cristina, devolveu-lhe a proximidade, e alargou a simpatia do público a vários horários. Além disso, deixou Moniz mais liberto para decidir.
Finalmente, o sétimo e último motivo para a vitória da TVI: quando se viu apertada, a SIC desorientou-se, começou a tomar decisões erradas, o que ainda não tinha acontecido com este diretor de programas. Daniel Oliveira esqueceu uma velha máxima da televisão generalista: em tempo de aperto, muitas vezes a melhor receita é não mexer em nada. A SIC mexeu sempre para pior. Moniz manteve as apostas, com Cristina na manhã, acesso ao 'prime time' forte, jornal mais curto que resolveu o problema da informação, aposta no 'Big Brother', novelas sempre no mesmo alinhamento. Desta vez, a estabilidade esteve do lado da TVI. (Depois de analisar as razões para a vitória da TVI, para a semana veremos o que tem a SIC de fazer para recuperar).
PROGRAMAÇÃO - RAP EM GRANDE
O diário de Araújo Pereira sobre as eleições ainda foi antecipado numa semana – e a SIC apostou forte. Tentou inverter a marcha do mês de fevereiro até ao fim, inclusivamente procurando mais transmissões de jogos de futebol. Já era tarde. Porém, o magazine de RAP já ninguém o tira aos espectadores, e isso é bom.
INFORMAÇÃO - COMENTÁRIOS EM EXCESSO
O excesso de comentários foi um dos fatores mais relevantes da série de debates entre líderes partidários. Na verdade, cada comentador limita-se a emitir uma avaliação condicionada pelos seus próprios juízos e opiniões. Demasiado comentário e pouca análise – eis a síntese.
SOBE - JOSÉ EDUARDO MONIZ
No momento em que se confirma a recuperação da liderança, é obrigatório o elogio. Veremos se a vitória da TVI foi a junção feliz de várias coincidências, ou se é para manter..
SOBE - SEBASTIÃO BUGALHO
A contratação do jovem comentador correu bem. Foi o protagonista do crescimento da SIC Notícias em fevereiro, e pôs o canal a disputar as audiências com a CNN. Precisa de horários fixos para fidelizar os seus espectadores.
SOBE - CARLOS DANIEL
Nos debates, o melhor estava guardado para o fim, pelo menos na moderação. Mesmo interrompido por uma clara falha de segurança, dominou o debate alargado com segurança e sem se enlear nas suas próprias opiniões.