
É quase injusto para Cristina Ferreira que o prémio de figura do ano na programação e no entretenimento tenha de ser dividido com outra personalidade, mas esta não seria uma análise objetiva se não reconhecesse ao chef Ljubomir Stanisic o direito a partilhar esta distinção com a senhora das manhãs da SIC.
Se Cristina Ferreira entrou de rompante em 2019, com a vitória incontestável desde que se estreou, logo em janeiro, Ljubomir chega ao fim do ano a marcar a agenda e a deixar uma promessa à TVI de que na vida tudo muda, o que sobe pode baixar, o que cai acabará por reviver, mais tarde ou mais cedo. E assim, se Cristina faz audiências ao longo de todo o ano e acaba por ser o ponto de apoio que leva a SIC à liderança ao fim de mais de década e meia atrás da concorrência, Ljubomir fecha 2019 com uma herança virtuosa, a recuperar os domingos para a TVI e a prometer talento, trabalho e humildade, os três ingredientes que fazem o sucesso de qualquer projeto.
Destas duas estrelas se faz o principal da memória de um ano que assistiu ao drama de um ator que quase morreu à procura do corpo perfeito, Ângelo Rodrigues, em que a ficção da SIC chegou à liderança e consagrou Carolina Loureiro como nova coqueluche das novelas, em que a RTP encontrou um rumo para a programação, um ano, finalmente, com formatos criativos de grande qualidade, como A Árvore dos Desejos e Esta Mensagem..., não por coincidência ambos na SIC. Os talent shows do canal 1 aguentaram-se, os reality shows também, mas em 2020 tudo indica que voltará o Big Brother, veremos se para mudar tudo outra vez, como há 20 anos.
1. Fragoso na informação
A solução veio do interior da empresa, o que é sensato. José Fragoso tem cada vez mais poder na RTP e reforça o papel de "presidente-sombra", que já lhe apontámos. Pacificar a equipa e colocar o jornalismo acima de tudo - eis as tarefas mais urgentes, após a tormenta que representou o período de Flor Pedroso.
2. Opinião bizarraAs conversas com Sócrates a articular decisões na ERC já tinham sido um ato ilegítimo e um pecado moral grave. Mas a tese de Arons de Carvalho de que o Sexta às 9 não tem lugar no serviço público é bizarra para um professor da área dos media. Em que modelo de serviço público se baseará para dizer uma coisa assim? Ou falava apenas o político inimigo do jornalismo livre?
3. Futebol reinventado
Eis a mais recente maravilha na galeria imortal de CR7. Ronaldo reinventou o futebol. Revi há dias o famoso jogo de estreia do novo estádio de Alvalade. No final, reza a lenda, o Manchester decidiu contratá-lo. Visto agora, parece impossível o deslumbramento que sentimos naquela noite. Nunca tínhamos visto nada assim, mas na verdade era apenas um esboço ainda pobre do que veio a acontecer. Hoje, olhamos para o futebol já do ponto de vista do que fez Ronaldo, por isso tudo aquilo, no passado, nos parece pouco. Quando acabar CR7, o futebol vai ter um problema.
4. Tragédias no país realA mudança de paradigma trazida pela CMTV melhorou a televisão portuguesa. Na recente tempestade, todos os canais de informação já saíram à rua e estiveram junto das populações. Ficamos todos a ganhar. É certo que o poder odeia ver o estado em que está o País, a pobreza dos muros e das paredes que caem, das folhas de zinco a fazerem de teto, das estradas sem manutenção. Mas a democracia agradece.