
A tragédia dos fogos mobilizou a sociedade portuguesa de forma muito particular. Até hoje, o ciclo infernal repetia-se sempre da mesma forma: acabado o Verão, Portugal esquecia os incêndios, até à chegada dos dias de calor e das chamas, no ano seguinte, recebidos sempre com surpresa, como se fosse a primeira vez.
Nem prevenção, nem ordenamento florestal, nem debate sobre a formação de bombeiros: nada disto mobilizava os cidadãos, e, consequentemente, nada disto interessava aos responsáveis políticos, sempre ávidos a seguirem, apenas, o que emociona o País, e não o que é verdadeiramente importante. Poucos órgãos de comunicação social, como o CM e a CMTV, faziam o acompanhamento do problema durante o Inverno, e raramente as televisões antecipavam cenários.
É este silenciamento sazonal dos fogos que permitiu, por exemplo, que, quase às escondidas, o governo de António Costa enchesse a protecção civil de "boys" partidários, sem qualquer qualificação que os recomendasse especialmente para os cargos – este foi, aliás, um factor que acentuou a incompetência da resposta aos fogos mortais deste ano. É por tudo isto que a volta a Portugal organizada pelo governo no passado fim-de--semana pode ser motivo de muita chacota, com a contabilização dos poucos minutos que Costa dedicou à floresta, e com a descrição da passagem de modelos dos ministros pelos campos do País, mas tem, pelo menos, o mérito de colocar a floresta nas televisões e de obrigar o País a pensar prevenção. Na época de fogos, veremos o resultado de tudo isto.
Audiências de marçoO mês fecha com os 3 canais de sinal aberto com audiências estáveis. As estações estão sem ideias novas nem orçamento. Assim vai ser difícil alterar os patamares de consumo televisivo, com a RTP a rondar os 12%, a SIC à volta dos 17%, e a TVI acima dos 20%. Futebol e "Casa" lideram os rankings trimestrais.
Vídeo-árbitro no mundialOs leitores sabem que sou crítico do sistema. Mas a decisão de utilizar o vídeo-árbitro no Mundial fará deste torneio algo completamente diferente de todos os outros mundiais. O segundo golo de CR7 contra o Egito aí está para o provar. Aguardemos o efeito desta medida para podermos ajuizar melhor os benefícios do vídeo-árbitro.
'Got Talent' a caminho da liderança?A batalha de Domingo à noite tem o formato da RTP1 a subir, com 21% de share, a caminho dos valores da "Casa" de Goucha, que está nos 28%, e com a SIC a tombar para os níveis previsíveis e consentâneos com a aposta no programa do "Incrível", ou seja, a fasquia mínima, para já, de 16%. Got Talent está bem feito, com bons concorrentes, bons cenários, ritmo, e ideias arejadas, como foi o caso da brincadeira inicial de troca de vozes entre os apresentadores, e também entre o júri. A edição deste ano promete.
"Fake news" de estadoO jovem Renato foi baleado na cabeça, e o terrorismo voltou a apanhar um português. O secretário de Estado das Comunidades chegou a dá-lo como morto, criando um embaraço ao próprio Marcelo. Felizmente, o governante enganou-se. É interessante que um governo que gosta tanto de atacar jornalistas sofra na pele um tal "erro de comunicação", como se apressou a desculpar-se o ministro Santos Silva.