
A saga musical que culminará, em Maio, no Festival da Eurovisão de Lisboa arrancou no passado fim- -de-semana, com a primeira meia-final portuguesa. Começou bem, com um espectáculo televisivo competente, mas acabou mal, com a confusão na contagem dos votos do público.
A RTP viu-se obrigada a alterar a lista de finalistas no dia a seguir ao directo: do conjunto de apurados para a final saiu o tema Eu te amo, e entrou Sem Medo, de Jorge Palma. Razão tinha Salvador Sobral quando, quase no final do programa, se queixava de que tenta há um ano, sem sucesso, perceber o sistema de votações.
Sejamos justos: esta bronca não apaga a valia televisiva da meia-final. O palco foi suficientemente grandioso para uma eliminatória; o cenário, vistoso, realçou a importância do evento; a presença de muito público em estúdio valorizou os momentos-chave; a apresentação, a cargo de Jorge Gabriel e de José Carlos Malato, foi eficaz; finalmente, as canções tiveram um bom nível geral. Resultado? Perto de 800 mil espectadores, em média, durante as mais de 3 horas de programa, o equivalente a perto de 18% de share. Um resultado que promete muitas alegrias à RTP até à grande final da Eurovisão. Além disso, o sucesso foi premiado com um novo fenómeno: Janeiro de seu nome, com o carisma em palco das figuras especiais. Tal como há um ano, o melhor cantor perdeu nos votos do público, e, tal como há um ano, o júri acabou por redimi-lo. O que veio depois retirou algum brilho a tudo isto, e prova que a RTP é, muitas vezes, um gigante com pés de barro. Imperdoável!
Modelo esgotadoOs congressos partidários arrastam-se. Sem ponta de emoção, quando começam já se sabe quem ganhou. Os directos destas reuniões magnas estão destinados a audiências irrisórias. Assim foi, de novo, com o PSD. Os canais mais comodistas insistem nas transmissões, mas, tarde ou cedo, o modelo vai ter de mudar.
A RTP partilha o mundialA SIC comprou à RTP oito jogos do Mundial de futebol, incluindo uma partida da Selecção Nacional. Trata-se de uma mudança de mentalidade em Carnaxide, que parece ter passado a apostar no futebol sempre que tem capacidade financeira para o fazer. No Verão, veremos se a estação beneficiou com o negócio.
A arte de debater com inteligênciaEis o momento em que Manuel Serrão acompanha, com toda a atenção que lhe é possível, a vozearia caótica dos outros elementos do programa Prolongamento, da TVI24, emitida em decibéis que a todos tentam manter acordados. A racionalidade do discurso e a inteligência dos argumentos nos debates sobre futebol tem atingido um nível suficientemente baixo para se transformar em mero ruído de fundo. Sousa Martins bem se queixa de ir parar todas as semanas ao Youtube, mas... nada feito!
Perigoso precedenteO discurso com que o presidente do Sporting tentou afastar de jornais e televisões os adeptos do seu clube tem originado muitas brincadeiras, sobretudo na internet. Mas trata-se de um precedente perigosíssimo, porque, se agora podemos rir, caso uma personalidade deste tipo venha a ter algum poder na sociedade portuguesa será a democracia que fica em risco. É urgente denunciar este pensamento.