
A bem da liberdade de expressão, o processo cível em que os Anjos pedem um milhão de euros de indemnização a Joana Marques só pode acabar na absolvição da humorista. Seria demasiado grave que Portugal entrasse na era da censura, além de que uma decisão condenatória acabaria possivelmente revertida pelos tribunais europeus.
O direito a criticar e a fazer humor, mesmo que com mau gosto, prevalece sobre os demais direitos que estão aqui em jogo, pelo menos numa sociedade ocidental e democrática. Porém, esta afirmação, que considero incontestável, não me inibe de fazer outra consideração sobre este caso.
Joana Marques não deve pensar que este processo só é negativo para os Anjos, que têm sido alvo de brincadeiras intermináveis por causa do acne, do homicídio do hino e outros mimos irresponsáveis ditos pelos cantores. Não. Este processo acabará por ser tão negativo para os Anjos como para Joana Marques.
O humor não pode ser arrogante, sob pena de se levar a si mesmo demasiado a sério, algo que é o oposto do que o humor representa. A forma como tem sido mantido o reduto irredutível do humor, nas declarações públicas de Joana Marques, contradiz o próprio humor, é o contrário do que o humor deve ser.
Os Anjos devem perceber que a insistência nesta queixa é ridícula e só apouca o seu trabalho profissional. Mas Joana Marques deve entender, também, que o humor deve ser magnânimo, porque só assim se consegue rir de si próprio. Aqui fica o apelo que considero mais sensato. Este conflito judicial não deve eternizar-se, e os dois lados do processo deviam chegar a acordo, sem obrigar os juízes a pronunciarem-se.
Informação
Más transmissões
Se o futebol fosse transmitido sempre como tem sido no Mundial de Clubes, provavelmente não teria o sucesso que tem à escala planetária. Há muitas críticas à forma como a competição foi concebida, à altura do ano em que é jogada, e também ao facto de não estar a conseguir encher os estádios. Mas a maior parte dos adeptos tem acesso às partidas só pela televisão, pelo que o maior problema é a falta de emoção na linguagem visual das transmissões, a filosofia incompreensível das repetições, os planos demasiado abertos. Tudo tem contribuído para espetáculos demasiado pobres, televisivamente. Basta comparar com um jogo da Champions para ver como estamos num campeonato bem diferente.
Programação
SIC vai ganhar
Apesar do enorme investimento da TVI no Mundial de Clubes, a SIC vai fechar junho a liderar, e provavelmente com o maior avanço do ano sobre a concorrência. O dinheiro gasto nos jogos de futebol foi um mau investimento, sem retorno.
A Subir
A Promessa
Em tempos de dificuldades financeiras, o sucesso desta novela foi um dos baluartes para o regresso à liderança, com o enorme mérito de fazer esquecer o flop absoluto chamado ‘Papel Principal’.
A Subir
Diana Chaves
Outro dos alicerces da mudança de líder no mercado, também a chegar ao fim. Nas próximas semanas, a SIC tem vários formatos para substituir. Conta, sobretudo, com a falta de um plano de contra-ataque da TVI.
A Descer
Irmãos Rosado
A falta de sensatez de parte a parte não anula o óbvio: este processo não devia ter existido, e isso é responsabilidade inicial dos Anjos.