
Foram duas horas e um quarto de democracia praticamente em bruto. O debate entre os pequenos partidos, na RTP1, teve 15 participantes. Sentaram-se 8 de um lado, 7 do outro, com a diretora de informação a mediar a conversa. Os políticos estavam todos bem iluminados, ouviram-se todos no ar, sem falhas, e o mais provável era estarem todos confortavelmente sentados, porque não houve sinais de impaciência nas longas esperas a que cada um deles se viu obrigado entre cada intervenção. Ou seja: um programa competente.
Maria Flor Pedroso lançou temas, e deu a cada um dos 15 debatentes, numa sequência certamente combinada de antemão, a oportunidade de responderem a todas as perguntas lançadas. Cada um dos 15 líderes ou candidatos dos partidos sem representação parlamentar teve oportunidade de falar várias vezes. O mais surpreendente é que tudo isto, com tanto ingrediente para resultar num enorme caos, deu azo a um bom debate, bem realizado, esclarecedor, e onde, ainda por cima, surgiram temas que estavam totalmente afastados da campanha eleitoral, onde Tancos tem sido tão omnipresente.
Do combate à pobreza aos lares ilegais, da lei da nacionalidade à privatização da RTP, da revolução operária que define o MRPP à defesa dos produtores de carne em Portugal perante a paranóia anti-bifes, nada foi esquecido pela multiplicidade de vozes. Resultará daqui alguma surpresa? Pouco provável. Mas perto de 400 mil portugueses viram tudo. Eu fui um deles, e aplaudo a iniciativa
Vasco PalmeirimComo apresentador, mostra densidade crescente. É versátil, e aos poucos perde os tiques que o levavam a querer ser engraçadinho a todo o custo, o que, por vezes, redundava em não ter graça nenhuma. Fugir ao nicho do "adolescente com piada" fará dele um profissional de corpo inteiro. A caminho do sucesso.
Datas trocadasO político com o duvidoso mérito de ter ganho uma segunda volta das eleições presidenciais a Jean Marie Le Pen, líder da extrema-direita francesa, morreu na semana passada. O terrível hábito de algumas redações terem obituários preparados, com textos e grafismos, provoca, por vezes, erros graves, como esta irritante troca das datas em grande destaque.Cx3
Deixaram o Goucha sozinhoOs Globos marcaram a consagração da fase de ouro da SIC. O resultado foi avassalador, mas, melhor do que o resultado, foi a vassalagem prestada por toda a concorrência. Diretores de programas e de informação da TVI e da RTP1 lá estavam, nas primeiras filas, subjugando-se ao poder da SIC e de Cristina Ferreira. O ambiente de paz universal refletiu-se até nos intervalos da TVI, que, para azar de Manuel Luís Goucha, acabaram por ajudar ao brilho dos Globos de Ouro. Chapeau!