
Depois de aqui ter alertado José Gomes Ferreira (JGF) para o risco de opinar em matérias em que os espectadores não lhe reconhecem autoridade, como nas questões históricas e aquecimento global, recebi, com pedido de publicação, um detalhado esclarecimento do próprio, jornalista e diretor adjunto da SIC, de enorme qualidade e reconhecidos méritos, além de especialista em questões económicas.
Em síntese, JGF esclarece que escreveu "um livro de opinião sobre factos históricos não explicados". E acrescenta: "Os historiadores são intocáveis? Não se pode criticá-los? Não sabia. Se não pode, isso é novo na minha conceção de liberdade de imprensa. O país e as leis fundamentais mudaram sem eu saber?" A reflexão é longa e detalhada, e procuro ser fiel ao sentido global. Diz JGF: "Não me revejo nesta sociedade em que não há uma censura oficial, mas há uma autocensura promovida pela vigilância mútua das redes sociais. Ou dizes o que a mediana das pessoas dizem ou estás queimado. Não entro nesse jogo. Há mais censura hoje nas redes sociais do que nos anos 30 nos jornais em relação a investigação histórica. Na altura exploravam-se as mais variadas teses. Agora pelos vistos é proibido."
Acompanho as preocupações de JGF sobre a liberdade e o policiamento das verdades oficiais nas redes sociais. Ele põe o dedo em muitas feridas. As respostas do próprio às polémicas que o têm envolvido são importantes para o leitor, por isso optei esta semana por partilhar a sua defesa. Veremos como evolui a reação do público a uma polémica que envolve o canal generalista líder na informação.
INFORMAÇÃO - É A POLÍTICA...
O calendário assim o ordena – a parte final do verão está cheia de política nas televisões por causa das eleições autárquicas. Duas notas: em primeiro lugar sobre o congresso do PS. Os partidos insistem num formato que só afasta os portugueses, como se vê pelas audiências dos canais que apostam em maratonas de discursos políticos. Tarde ou cedo terá de acabar este tipo de reuniões partidárias. Depois, houve debates – os da RTP ficam para nota à parte. A SIC juntou todos os candidatos de Lisboa e Porto, em dupla sessão de cacofonia e barulho muito pouco esclarecedor.
PROGRAMAÇÃO - E QUEREM MAIS DINHEIRO?
É cada vez mais insustentável a situação da RTP. Os resultados do canal 1 são incomportáveis para quem defende um serviço público credível. Em agosto, a estação ficou abaixo dos 10% de share. Bizarro é o facto de ser precisamente agora que diversas vozes defendem o aumento do que cada português paga na conta da luz para sustentar a RTP – tema ainda mais sensível num período de eletricidade cada vez mais cara. Com esta situação de crise, é difícil entender o que está a fazer a empresa para dar a volta. Ou será que, no fundo, no fundo, a estação pública já desistiu do público?
SOBE - GOUCHA
O Conta-me desta semana ganhou no seu horário, parte em cima de um Alta Definição muito exposto, como se verá a seguir. Sempre achei um erro a TVI não aproveitar a exposição do diretor da SIC para tentar derrotá-lo no confronto direto. Seria um poderoso golpe psicológico e de marketing.
DESCE - DANIEL OLIVEIRA
O Alta Definição com o político Paulo Rangel teve a pior audiência do ano, e uma das piores de que me recordo. Querer fazer do formato de entretenimento ligeiro sala de visitas de políticos em pré-campanha é dar um passo maior que a perna, e péssimo sinal para o futuro do programa.
DESCE - ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA
A sequência de debates autárquicos na RTP3 tem sido uma experiência clandestina. Sem empenho da estação, sem exposição no canal 1, nem promoção que se veja, raras foras as emissões acima de 1% de share. Mais um desastre estratégico para a RTP, que assim perde audiência, estatuto e influência.