
As imagens da semana são inevitavelmente as que mostram o vice-almirante Gouveia e Melo a atravessar um grupo de não mais de dezena e meia de manifestantes que o apupavam, à entrada para um centro de vacinação, em Odivelas. É interessante observar como subsistem entre nós cidadãos que continuam a defender que a Covid é inofensiva e que as vacinas são um embuste, quando todas as evidências demonstram que a doença mata aos milhares, que as vacinas salvaram vidas em série e que a medicina operou uma espécie de milagre científico.
A liberdade de cada um de nós dizer e pensar o que quiser é um valor central do Ocidente. Porém, é sempre espantoso como há quem sucumba ao disparate, mesmo quando os erros são visíveis para todos. Quando confrontado com os 10 a 15 manifestantes, Gouveia e Melo fez questão de passar pelo meio do grupo. "Não tenho medo", disse ele. Porém, a declaração mais relevante veio depois. Em Portugal, há tendência para fugir ao confronto direto. Essa não é a melhor forma de enfrentar quem está errado. O erro enfrenta-se de forma determinada: "O negacionismo e o obscurantismo é que são os verdadeiros assassinos", disse o líder da vacinação. Talvez algum dos manifestantes, lá fora, tenha caído em si e corado de vergonha.
P.S.: esta coluna vai de férias duas semanas, e volta dia 9 de setembro.
INFORMAÇÃO - JÚDICE À SIC
José Miguel Júdice é uma voz do regime, que há muitos anos habita os corredores do poder. Antes de se transferir para a SIC tinha uma rubrica na TVI24 que passava praticamente despercebida. A transferência para a SIC Notícias surgiu quando Miguel Sousa Tavares trocou Carnaxide pela TVI, mas isso terá sido mera coincidência temporal. Andava plácido o comentário de Júdice quando começou a pandemia. Foi com a análise a contravapor de tudo o que diz respeito à Covid que Júdice voltou a ocupar um lugar-chave entre os comentadores. Na próxima época, e para provar que gosta da liberdade, a SIC devia pô-lo na generalista.
PROGRAMAÇÃO - QUE CONFUSÃO
O novo Big Brother tem a apresentação enguiçada. A estação parece indecisa, e isso é mau para o formato. Ora, essa indecisão é incompreensível. Primeiro, o BB foi apresentado por Cláudio Ramos, o que foi um erro, mas surpreendentemente correu bem. Apesar do sucesso, a TVI mudou para Teresa Guilherme, o que foi um risco por causa do sucesso de Cláudio. Voltou a correr bem. Porém, a TVI decidiu mudar outra vez. Juntou Teresa e Cláudio, o que voltou a ser um erro, mas voltou a liderar, quer ao sábado quer ao domingo. Com tantos sucessos, parece que a TVI quer mudar outra vez. Não será brincar com a sorte?
SOBE - ANDREIA RODRIGUES
Mais uma edição do Agricultor, mais um sucesso, e desta vez contra uma grande aposta da TVI para o mesmo horário, O Amor Acontece. Andreia Rodrigues parece formatada para os programas familiares, mas cuidado com a cristalização da imagem.
SOBE - BÁRBARA GUIMARÃES
O regresso, com Marco Paulo, é um acontecimento relevante, independentemente de falhas normais para quem está parado. A forma como a SIC protege Bárbara só dignifica a empresa.
DESCE - JOSÉ GOMES FERREIRA
Corre um risco assinalável quando cruza a sua proatividade opinativa, que os espectadores bem conhecem na área da economia, com temáticas em que não lhe é reconhecido saber académico, como a História, a astronomia ou as alterações climáticas. Veremos como ultrapassa as polémicas que não o largam nas redes sociais.