
Não há memória de uma fuga da prisão em tempos de democracia com tanto impacto como a que aconteceu sábado passado, em Vale de Judeus, Alcoentre. Cinco presos perigosos conseguiram escapar de uma forma que, se fosse uma série americana, estaria muito perto de ser uma comédia, com guardas distraídos com as visitas, câmaras de videovigilância para as quais ninguém olha, escadas puxadas por cordas e infravermelhos na área crítica avariados e desligados.
Ao óbvio tratamento informativo desde o momento zero seguiu-se uma conferência de imprensa, domingo de manhã, de todas as principais chefias das forças de segurança. O momento foi patético, e aliás começou logo da pior forma, quando o cicerone do evento esclareceu que não haveria novidade nenhuma.
O problema não foram os intervenientes – pelo contrário, todos demonstraram enorme empenho. O problema foi a tentativa, demasiado descarada, de afastar o problema da área política, transformando-o num mero caso de polícia. Ora, não é um mero caso de polícia.
É um sério desafio à autoridade do Estado e à estabilidade do governo. Passadas mais de 12 horas sobre a conferência de imprensa, a ministra continuava sem aparecer, e a sensação de insegurança continuava a aumentar.
Vi-a muito bem na meia-final do show de domingo da RTP1. Tem-lhe faltado dar o salto e transformar-se numa superestrela.
Arrancou em grande, numa conferência cheia de sinceridade, sonhos e projetos, e que lhe correu muito bem.